O fóssil de um peixe que viveu na região da Bacia do Araripe, no Cariri cearense, há 100 milhões de anos, foi devolvido pelo governo italiano ao Brasil após pedido do Ministério Público Federal no Ceará (MPF-CE). A peça era comercializada em um site de leilões de forma ilegal, após ser retirado clandestinamente do Brasil. Ele foi entregue à Procuradoria-Geral da República na quarta-feira (16).
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O artefato histórico data do período cretáceo e está avaliado em quase 3 mil euros, cerca de R$ 16 mil. Com a repatriação, o fóssil será encaminhado para fazer parte do acervo do Museu de Paleontologia Plácido Cidade Nuvens, ligado à Universidade Regional do Cariri (Urca).
O equipamento já reúne diversas peças extraídas da região do Cariri, considerada uma das regiões mais ricas na preservação fossilífera do mundo.
De acordo com o MPF, o peixe faz parte da formação fóssil Santana, um dos principais sítios paleontológicos mundiais. “Na peça, por exemplo, é possível notar a riqueza de detalhes de tecido mole e até as escamas do peixe”, afirma.
Para o procurador da República Rafael Rayol, que atuou no caso e já abriu diversos procedimentos de repatriação de fósseis, o retorno do artefato “vai permitir o trabalho de pesquisadores brasileiros e internacionais, assim como a divulgação e a apresentação em museus brasileiros”.
Segundo o procurador, ainda não se sabe como e quando o material foi retirado do Brasil, em função do tráfico internacional atuante na região há várias décadas. Há procedimentos para repatriação de peças em outros seis países, conforme Rayol, em: França, Alemanha, Holanda, Espanha, Japão e Coreia do Sul.
Os espécimes são encontrados em sua grande maioria após denúncia de pesquisadores que os viram em leilões, coleções particulares ou sendo expostos em museus.
Pterossauro cearense
O fóssil de um crânio da espécie Pteurosauria originário da Bacia do Araripe, no Ceará, foi repatriado da Bélgica para o Brasil em fevereiro. A peça paleontológica estava no acervo do Instituto Real de Ciências Naturais da Bélgica.
De acordo com o coordenador do Laboratório de Paleontologia da Universidade Regional do Cariri (Urca), Álamo Saraiva, o crânio é de um tapejarídeo, um pterossauro que viveu na Bacia do Araripe entre 220 e 116 milhões atrás.
“Esse fóssil que estava na Real Academia de Ciência da Bélgica talvez tenha saído do Brasil nos anos 1990. É um fóssil muito importante, é um crânio completo de um tapejarídeo, ou seja, de um pterossauro que viveu aqui na Bacia do Araripe aproximadamente entre 220 a 116 milhões de anos passados. Esse material é importante pelo estado de preservação em que ele se encontra”, explica.
Embora tenha origem cearense, o fóssil repatriado vai ficar no Rio de Janeiro, sob os cuidados do Museu de Ciências da Terra.
Álamo Saraiva deu detalhes do animal cujo fóssil se tornou patrimônio paleontológico brasileiro. “Esse pterossauro é um tapejarídeo, ou seja aqueles que tinham uma crista grande, talvez bem colorida no alto da cabeça. Eles não possuíam dentes e dessa forma ele tem muitos representantes aqui da mesma família, contudo com uma preservação especial. Acreditamos que ele tivesse cerca de 4 a 5 metros de envergadura de asa. Deveria ser um ser muito elegante quando estava em voo”, revela.
Em nota, o governo brasileiro agradeceu à Bélgica, e em especial ao Instituto Real de Ciências Naturais, pela cooperação para retorno do fóssil ao Brasil. A recuperação do fóssil foi coordenada pelo Ministério das Relações Exteriores, por meio da Embaixada do Brasil em Bruxelas e do Serviço Geológico Brasileiro.
Fonte: g1 CE