Um estudo americano revelou que a transmissão do novo coronavírus (Sars-CoV-2) por pessoas vacinadas acontece por menos tempo do que por quem ainda não foi imunizado. A pesquisa está na plataforma medRxiv em fase de pré-print e ainda precisa passar pela revisão de outros cientistas antes de ser publicada oficialmente.
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Os pesquisadores são das renomadas universidades de Harvard, Yale e Columbia. Na pesquisa, eles analisaram a proliferação do vírus em um grupo de 173 indivíduos contaminados, medindo o tempo necessário para atingir o pico da carga viral e em quanto tempo eles conseguiam eliminar o vírus do corpo.
Como o estudo foi feito?
A análise foi realizada entre a equipe da NBA (Associação Nacional de Basquete dos EUA) como parte de um programa de saúde e prevenção e, por isso, contou com amostras tanto de funcionários como de atletas da entidade. Os pesquisadores avaliaram se o tipo da variante contraída (em especial os tipos alfa e delta) poderia interferir no tempo de curso da infecção —já que a delta, especialmente, parece ter uma capacidade maior de transmissão.
O resultado mostrou que tanto vacinados como não vacinados atingiram o pico de carga viral de forma semelhante, ou seja, por volta do terceiro dia. E não houve diferença significativa entre as variantes. No entanto, os imunizados conseguiram combater e estarem “limpos”, sem carga viral detectável, em menos tempo, por volta do quinto dia. Já os não vacinados levaram de sete a oito dias para serem considerados livres da infecção.
Na prática, isso significa que os vacinados ficaram menos tempo suscetíveis a passar o vírus para outras pessoas, já que sua carga viral permanece alta por menos tempo e o corpo deles conseguiu eliminar o vírus em um período menor de dias.
Por que isso é importante?
Embora seja ainda um pre-print, o estudo traz informações robustas e corrobora a tese de que a vacina não apenas protege a pessoa contra formas graves da doença como ainda reduz a transmissão e, portanto, a circulação do vírus entre as pessoas.
As informações são importantes especialmente em um momento em que muitas pessoas ainda duvidam da importância e eficácia das vacinas. “É uma boa notícia e reforça como a vacinação é fundamental neste momento para proteger a população e dificultar a disseminação do vírus”, acredita Luiz Almeida, microbiogista e coordenador no Instituto Questão de Ciência.
Os dados se juntam a outras evidências científicas que dizem que a vacinação também reduz a transmissão do coronavírus. Em agosto, por exemplo, uma pesquisa publicada no New England Journal of Medicine mostrou que a transmissão familiar entre moradores da mesma casa era reduzida em 50% por meio da vacinação.
Para o médico Renato Kfouri, diretor da SBIm (Sociedade Brasileira de Imunizações), os dados trazem evidências científicas de algo que já era esperado pela comunidade médica. “A vacina torna a infecção mais leve e, com o indivíduo espirrando e tossindo menos, menor é a quantidade de vírus que ele vai espalhar no ambiente”, explica.
No entanto, embora de fato sejam notícias animadoras, os especialistas reforçam que isso não significa que podemos baixar a guarda e acabar com as medidas de contenção. Como ainda existem muitos não vacinados, o uso de máscara e distanciamento social continuam sendo importantes para ajudar no controle da transmissão.
Fonte: VivaBem/UOL