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O Drakar aportou em Matozinho – Por J. Flávio Vieira

Colunista escreve semanalmente no Revista Cariri

2 de agosto de 2020
O Drakar aportou em Matozinho – Por J. Flávio Vieira
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A notícia pipocou como uma bomba rasga-lata na praça de Matozinho. Reunidos de tardezinha, os aposentados, por fim, viam a plateia engrossar, com os funcionários que saltavam dos armarinhos da cidade e os barnabés libertos das repartições, geralmente mantidos, com respiração mecânica, pela prefeitura. Os velhos traziam a pauta das reuniões, até porque, com tempo suficiente, compilavam as fofocas pelo rádio e nas bodegas e boticas locais, as verdadeiras amplificadoras da vila.

Naquele dia, coube a Cassandro Jurubeba sacar o item principal da sua cartola, sentado no encosto do banco de marmorito da pracinha , que ascendera à condição de palco. Caju, como era conhecido em Matozinho, vivera por mais de vinte anos em São Paulo e, dependuradas as chuteiras, voltara, trazendo na mala um pequeno pé-de-meia, um sotaque carregado e uns vinte quilos de pabulagem. De tanto evacuar goma, na volta de Sampa, os amigos levantaram um dossiê de Caju. Descobriram que tinha sido um mero comerciário de muamba na vinte e cinco de março. Bem apessoado, terminou por ganhar a atenção de uma sunsei, filha de um lojista das imediações. Contra a vontade da família, casou com a mocinha. A partir daí, levou uma vida folgada, morando num apartamento na Liberdade e sem precisar dar murro em ponta de punhal. Mas não há solução que não traga junto seus problemas. Sumioko, a esposa, era adepta do amor livre e diziam que era falsa à bandeira, ao hino e aos brasões matrimoniais. Aposentado, segundo os caminhoneiros matozenses que levantaram o dossiê, Caju não aguentou mais as galhas que enganchavam já até na antena da TV Gazeta. Disse arigatô a Sumioko e retornou à Matozinho.

Pois bem, empertigado, na testeira do banquinho da praça, Caju trouxe o primeiro item à discussão. Tinha lido no jornal que pesquisadores do Ceará descobriram que os cabeça chatas descendem não de índios, negros ou portugueses, mas sim de Vikings. Ele, cabelo bosta de rolinha e pele puxada à cambuí, informou que já sabia disso há muito tempo. Seu avô era gazo como alfenim puxado, tinha olho verde como bico doce, e era um lazarino com mais de dois metros de altura. Aliás, se gabou nosso matozense raceado com japonês: quase toda a família era desse jeitinho. Além do mais, um escancha avô seu, disse ele, tinha ido para o Pará na época da Borracha e se tornara um dos maiores navegantes dos igarapés da Amazônia. Caju pontuou que sentia em suas veias correr o sangue nórdico. Se morasse na capital seria , certamente, um jangadeiro à Amir Klink.

A coisa pegou fogo. Bastava olhar para os circunstantes da rodinha para desconfiar que o DNA escandinavo havia se diluído com o passar do tempo. Zé Grande, também conhecido como escada de tirar maxixe, sentado no banco da frente, não envergava mais de meio metro. Alguém mostrou Turíbio Caninana , tomando umas talagadas no Bar do Giba, na esquina, com aquele cabeção que quase matou a genitora, entalado no canal do parto. Levantamento feito, rapidamente, entre os circunstantes da praça, no momento, pelo IMBROMA, o instituto de pesquisas de Matozinho, mostrou: sessenta cabelos de mola de isqueiro, oitenta olhos escuros como chão de oficina, cinquenta caboclos com menos de metro e meio, trinta com cabeças de mamãe-sofreu, trinta e cinco com cabeça de cabaça. O único branco e com olho claro era Juventino Canabrava que teve um vitiligo tão infeliz, que juntou mancha com mancha, e ficou com cara de Michael Jackson.

Ameaçada a teoria da descendência de sangue azul do cearense, Caju irritou-se. Disse que não sabia da vida dos outros, mas da dele tinha certeza. Sentia nas veias aquele afã de desbravar os mares bravios. No sonho, pressentia a maresia entrando pelas narinas. Sua avó, segundo ele, falava engrolado de não se entender e era ruiva e comprida como um dia de fome.

Até aquele momento, o velho Anfrízio Maia, o filósofo da praça, ouviu tudo calado, com aquele cuidado de caçador na espera . Só então , pausadamente, fez suas apreciações. A origem nórdica do cearense era uma balela. Uma invenção de pessoas racistas que considerando menores as etnias indígena e afro , procuram arrumar uma maneira de pôr uma falsa nobreza na sua descendência. Não muito diferente da montagem das árvores genealógicas que nunca têm galhos que pendam para as senzalas e para as ocas.

— Conversa pra boi dormir, seu Caju! Conheci sua avó! Ela era uma mãe de santo adorável e querida. Que importa para nós que tenha vindo num navio viking ou num negreiro? E ela só passou a falar engrolado, seu Caju, depois do derrame que teve!

Jurubeba deu brabo. Baixou o nível. Jogou na cara de Anfrízio e dos pracianos que não tinha culpa se eles eram uns pés rapados, sem origem, filhos de guaiamum!

— Você mesmo Anfrízio, deve ser filho de alguma dama de paga da rua do Caneco Amassado!

Anfrízio não se alterou nem perdeu a fleugma. Desculpou-se e afirmou que tinha se enganado. Olhando bem, Caju tinha herdado alguma coisa da sua herança viking, agora percebia!

— Ah! Agora reconhece, Anfrízio? Os da senzala reconhecem os da Casa Grande? O que você vê em mim dos vikings? A altura? Os olhos? A bravura? O cabelo sarará?

Anfrízio, sem se apressar, fechou:

— Não, Caju! Não! Sabe o que foi que tu herdou dos teus avós vikings? Os chifres!

Por J. Flávio Vieira, médico e escritor

*Este texto é de inteira responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião do Revista Cariri

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