O governador Camilo Santana determinou uma investigação rigorosa para apurar a morte de Mizael Fernandes da Silva, de 13 anos, por intervenção policial ocorrida na madrugada de quarta-feira (1º), em Chorozinho, na Grande Fortaleza. Ele afirmou ainda que, durante o processo, agentes envolvidos na ação devem ser afastados das ruas. O caso gerou tensão na cidade com protestos e fechamento do comércio da cidade, que só reabriu as portas após três dias.
“Logo após tomar conhecimento desse fato, determinei imediata, rigorosa e isenta investigação. A Controladoria Geral de Disciplina, órgão independente, abriu sindicância e o comando da Polícia Militar está instaurando um IPM [Inquérito Policial Militar], inclusive com os policiais sendo afastados das ruas durante o processo. Não tenha dúvida que a família e a sociedade terão uma resposta”.
De acordo com a família da vítima, durante a madrugada, policiais invadiram a residência onde o adolescente dormia e atiraram contra ele, sem chance de defesa. Já a polícia diz que os agentes atiraram porque o jovem estava armado e não obedeceu à ordem dos PMs para soltar o revólver.
O caso gerou revolta e tensão no município. Moradores chegaram a queimar pneus em uma rodovia e a protestar com cartazes pedindo justiça. Estabelecimentos comerciais fecharam as portas e as ruas ficaram desertas.
A Secretaria da Segurança Pública informou que Mizael não tinha antecedentes criminais. Um inquérito policial foi instaurado na Delegacia Municipal de Eusébio, unidade plantonista, e transferido pra Chorozinho, que apura o homicídio.
Versões sobre o ocorrido
Os policiais do Cotar responsáveis pela ocorrência relataram ter recebido a informação de que o responsável por vários crimes na região, como furto, homicídio e assaltos, estaria em uma casa na localidade de Triângulo, distrito de Chorozinho. Ao entrarem na casa, ainda segundo a versão dos agentes, os PMs teriam encontrado Mizael armado e efetuaram os disparos.
Um primo do garoto descreveu a abordagem como “violenta”. “Por volta de 1h45, [os policiais] chegaram arrombando o portão da nossa casa, dizendo que era a polícia. Minha mãe abriu e permitiu a entrada deles. Saímos e avisamos a eles que meu primo estava dormindo no quarto, quando escutamos os tiros. Mandaram a gente ir pro outro lado da calçada. Eles disseram que meu primo estava armado, mas isso não é verdade. Levaram meu primo, jogaram no carro e saíram como se ele fosse um bandido grande”, relata.
“Ele foi morto por pessoas que deveriam protegê-lo. O sonho dele acabou. Agora só queremos justiça”, diz outra familiar do adolescente.
Segundo ela, Mizael era “uma criança calma, tranquila, que vivia de casa para a escola e da escola para casa”.
Fonte: G1 CE