A meningite é a inflamação das três membranas protetoras que envolvem o encéfalo (as meninges). Na maioria das vezes a meningite é causada por infecção viral ou bacteriana. Os sinais e sintomas são semelhantes, qualquer que seja a causa da meningite, mas a intensidade da doença e a gravidade das complicações dependem do microrganismo infeccioso.
A infecção viral ocorre em pequenas epidemias, mas geralmente não tem consequências graves. Por outro lado, a meningite bacteriana, embora rara, é extremamente grave. Dessa forma, ela é fatal em 10% dos casos, e 1 em cada 7 sobreviventes permanece com incapacidade grave, como lesão cerebral ou surdez.
Uma complicação da meningite bacteriana é a falência de múltiplos órgãos causada pela septicemia hematogênica. Como as bactérias infecciosas podem ser disseminadas por gotículas que atravessam curtas distâncias, pode haver vários casos em locais onde as condições sociais levam ao contato próximo, como residências universitárias, acampamentos militares, prisões e creches.
Alguns distúrbios que enfraquecem o sistema imune predispõem a pessoa à meningite. Esses incluem HIV/AIDS, terapia imunossupressora, tuberculose e disfunção dos sistemas de defesa – afetando, por exemplo, pessoas que não têm baço e que sofrem de doença falciforme. Além desses, outros distúrbios predisponentes são alcoolismo e diabetes melito.
Meningite viral
Anualmente registram-se centenas de casos de meningite viral, mas a incidência real provavelmente é maior porque seus sintomas leves, semelhantes ao de uma gripe, fazem com que a doença nem sempre seja identificada corretamente, podendo ser confundida com um resfriado ou outra infecção viral leve. Não é necessário tratamento e geralmente são recomendados analgésicos e repouso no leito. Já em alguns casos podem ser usadas drogas antivirais, como aciclovir.
A meningite viral, que costuma ocorrer no verão, pode ser uma consequência da caxumba ou do sarampo. Porém, os programas de vacinação infantil contra essas doenças conseguiram reduzir consideravelmente a incidência desse tipo de meningite.
Meningite bacteriana
Três microrganismos são responsáveis por 80% das meningites bacterianas. Esses são encontrados naturalmente na parte posterior do nariz e na garganta, ou no trato respiratório superior. Pessoas de qualquer idade podem ser portadoras das bactérias durante dias, semanas ou meses antes de adoecerem. O microrganismo mais frequente é a Neisseria meningitidis, causadora da meningite meningocócica e da septicemia.
O Haemophilus influenzae B (HIB) afeta crianças com menos de 5 anos. Já o Streptococcus pneumoniae, causador da meningite pneumocócica, afeta com maior frequência pessoas muitos jovens e muito idosas. As bactérias podem ser transmitidas de uma pessoa para outra por contato íntimo prolongado ou por espirro, tosse ou beijo. Elas não conseguem viver por muito tempo fora do corpo, e o período de incubação é de dois a 10 dias.
No Brasil, a ocorrência da doença tornou-se menos comum após programas de vacinação. Além disso, o maior conhecimento público permitiu que as pessoas buscassem ajuda mais cedo. Mesmo assim, em 2017 o número de casos aumentou em relação a 2016, em alguns estados.
Sintomas
Na meningite bacteriana e septicemia, os sintomas abaixo podem surgir rapidamente, algumas vezes no período de poucas horas. Nos estágios avançados da doença, pode haver crises convulsivas, confusão e inconsciência. Em mais de 50% dos casos de doença meningocócica, há septicemia e uma erupção cutânea puntiforme vermelha ou marrom. Se a erupção não desaparecer quando pressionada com um copo de vidro, deve-se procurar o médico imediatamente.
Os principais sinais e sintomas de meningite e septicemia são:
• febre;
• cefaleia intensa;
• náuseas e vômitos;
• aversão à luz (incomum em crianças pequenas);
• rigidez da nuca ao ser flexionada para a frente (incomum em crianças pequenas);
• irritabilidade;
• respiração acelerada;
• dor articular ou muscular;
• mãos e pés frios.
Além disso, em bebês e crianças pequenas pode haver febre, vômito, recusa alimentar e choro agudo.
Tratamento
Se houver suspeita de meningite bacteriana, o médico administrará um antibiótico injetável e providenciará hospitalização imediata. No hospital, os médicos realizarão exames de sangue e algumas vezes punção lombar, quando é introduzida uma agulha fina na medula espinal para retirar parte do líquido cefalorraquidiano.
A análise do líquido geralmente fornece um diagnóstico definitivo e identifica a bactéria responsável pela doença. Assim, se a causa da meningite for confirmada como bacteriana, é mantida a administração de altas doses de antibióticos.
Os antibióticos usados incluem penicilina e cefalosporinas. Porém, a escolha precisa depende do tipo de bactéria envolvida e da idade do indivíduo afetado. Já outros tratamentos podem incluir esteroides, para reduzir a inflamação, e líquidos intravenosos, se necessário.
Prevenção
Desde 1999, a vacina foi introduzida na rotina do Programa Nacional de Imunizações (PNI) para crianças de 2 a 23 meses, reduzindo muito a incidência da doença.
Fonte: Seleções