A onda crescente de roubos de celulares que levam a invasão de contas bancárias fizeram o escritor e jornalista Chico Felitti adotar a tática do “celular fixo”: manter um telefone em casa só com os principais apps de banco e outro “móvel”, para usar na rua.
A estratégia repercutiu nas redes sociais. Até o momento a sua publicação tem mais de 4 mil curtidas. Mas será que ter dois celulares —um pessoal e um outro para poder sair na rua com menos medo— é solução para nos manter mais seguros? Segundo os entrevistados, a tática ajuda, mas não resolve tudo.
Como existem vários tipos de golpes, infelizmente, é preciso conhecer o máximo que puder sobre as tentativas dos criminosos antes de tomar qualquer decisão. Mas, para evitar golpes com Pix ou acesso a seus apps bancários, esta pode ser, sim, uma boa decisão.
Caso você opte por ter dois celulares, o conselho é: instale em um todos os aplicativos sensíveis como os de bancos, de investimento e carteiras virtuais de cartões de crédito. No outro, você pode manter os apps de comunicação necessários para o dia a dia.
“O mais sensível ficaria em casa. Enquanto o outro seria para uso geral, com menos preocupação”, ressalta Angelo Sebastião Zanini, coordenador do curso de engenharia da computação do IMT (Instituto Mauá de Tecnologia).
Ter dois chips em um celular ajuda?
Ter dois chips no mesmo aparelho pode não ser uma boa ideia. O problema nesses casos é que todos os aplicativos ficam instalados no mesmo smartphone. Uma vez roubado, não dá para garantir que os criminosos não vão conseguir acessar os conteúdos do telefone.
“Se o aparelho for invadido, o invasor terá acesso a todas as informações que estão nos aplicativos”, diz Zanini.
Basta que os dados de uma instituição de confiança vazem ou um malware (programa malicioso) clone a agenda telefônica dos contatos próximos para que o risco aumente.
“É muito difícil isolar totalmente a finalidade de dois números de telefone”, diz Rodrigo Avelino, especialista em segurança digital e professor do curso de engenharia no Insper.
Se a pessoa não tiver os devidos cuidados, dois chips podem dobrar as chances de exposição dos dados pessoais, acrescenta Osmany Arruda, especialista em segurança digital e professor da ESPM (Escola Superior de Propaganda e Marketing).
“Mas, independentemente do número de chips que se tenha, o mais importante é evitar dar brechas de segurança”, completa.
Principais formas de golpe e como se proteger
Agora, não esqueça que, hoje em dia, muitos dos golpes usam o WhatsApp e informações suas que foram vazadas para atacar.
Em posse dos seus dados sensíveis, os golpistas usam a chamada tática de engenharia social para conseguir dinheiro —quando criminosos usam histórias convincentes para atrair a vítima. Um exemplo é o golpe do WhatsApp e aquela história de um amigo ou familiar precisando de dinheiro emprestado.
Em situações assim a única forma para se proteger é manter o “desconfiômetro” ativado.
Desconfie de ligações ou mensagens contendo promoções imperdíveis. Se alguém pedir dinheiro emprestado via mensagem, procure confirmar a veracidade da história por outros meios diretamente com a pessoa.
Em outros casos, os internautas é que podem facilitar a vida do fraudador: ao clicar em links suspeitos, desconhecidos ou baixar aplicativos de origem duvidosa, que podem infectar o sistema do seu smartphone.
Em geral, a contaminação do celular é feita por um tipo de vírus conhecido por “cavalo de troia”, explica Zanini. “A partir daí, ele começa a monitorar todas as operações feitas no smartphone, independentemente de quantos chips ou linhas uma pessoa tenha.”
Cuidado o número do celular
O número de celular pode servir como chave de busca simples para centenas de informações na internet, alerta Avelino. Isso acontece, segundo ele, porque fornecer o número do telefone no Brasil para qualquer coisa se tornou um hábito.
Avelino explica que uma pessoa mal-intencionada consegue acessar no Google outras informações pessoais vinculadas a esse número, desde apps ou contas a que este dado está vinculado, até informações de crédito, comportamentais e profissionais. “A partir daí, é possível realizar inúmeros ataques direcionados de engenharia social muito bem feitos.”
Recapitulando as dicas básicas para manter a segurança
• Evite a exposição excessiva de seu número seja em redes sociais ou mesmo evitando informar se não houver necessidade;
• Não instale aplicativos desconhecidos;
• Tenha cuidado com apps que pedem permissões, porque algumas delas possibilitam o uso da tela do smartphone;
• Utilize sempre que possível o segundo fator de autenticação;
• Evite fornecer o número de celular como chave de ativação de alguma plataforma, sempre que possível;
• Desconfie de todas as mensagens que chegam com links. Na dúvida, não clique;
• Não atenda ligações telefônicas por Whatsapp de números que você não conhece;
• Evite usar redes wi-fi públicas ou de quem você não conhece.
Fonte: Tilt/UOL