Mesmo com a decisão da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) de liberar a instalação de estações 5G standalone para mais duas cidades do Ceará, o cenário da cobertura em todo o estado continua longe de ser igual em todo o território.
Dos 184 municípios do Ceará, apenas três têm cobertura 5G para 100% dos moradores. São eles: Eusébio, Fortaleza e Maracanaú. Em comum, todos fazem parte da Região Metropolitana de Fortaleza (RMF).
Os dados sobre cobertura 5G são de março deste ano e estão no site da própria Anatel. Eles trazem a porcentagem, por municípios e por estado, de cobertos pela faixa, bem como os números do Brasil.
Ao todo, 157 municípios do Ceará estão cobertos pelo 5G, representando 85,4% do estado. Além das três cidades da RMF, outras 12 de demais regiões caminham para atingir a cobertura máxima pela faixa, alcançando mais de 95% dos moradores.
Já nos municípios com menor cobertura, 12 apresentam menos de 1% de pessoas cobertas pela faixa 5G. Todos eles estão no interior cearense.
A localização é a mesma em relação às cidades com 0% de cobertura 5G para os residentes, exceto São Luís do Curu, oficialmente localizado na RMF.
No próximo dia 10 de agosto, completa um ano do início da migração para a banda larga 5G. Inicialmente, a faixa começou em capitais de todo o Brasil, mas logo começou a ser expandida para os arredores das cidades.
Veja a lista dos municípios sem cobertura 5G no Ceará para os moradores:
• Baixio;
• Catarina;
• Croatá;
• Deputado Irapuan Pinheiro;
• Ererê;
• Frecheirinha;
• General Sampaio;
• Ibaretama;
• Ibicuitinga;
• Independência;
• Jardim;
• Jati;
• Martinópole;
• Milhã;
• Miraíma;
• Nova Olinda;
• Pacujá;
• Penaforte;
• Pereiro;
• Potiretama;
• Quixeré;
• São João do Jaguaribe;
• São Luís do Curu;
• Tabuleiro do Norte;
• Tururu;
• Umari;
• Uruburetama.
Ceará
Enquanto o Brasil conta com 46,06% dos moradores cobertos pela rede 5G, o Ceará aparece com números acima da maioria dos estados.
Com 62,84% dos residentes no Ceará dispondo de sinal 5G, o estado ocupa a quinta posição com a maior cobertura, atrás apenas do Distrito Federal, Alagoas, Rio de Janeiro e São Paulo.
Maranhão e Santa Catarina ficam na lanterna com a menor cobertura em todo o país, com menos de 20% dos moradores com a faixa disponível.
Diferença entre estações instaladas e sinal liberado
Questionada sobre a cobertura 5G nos municípios, a Anatel esclareceu que existe diferença entre o uso da faixa e as cidades com estações instaladas.
Segundo a agência, “o 5G pode ser ativado em diferentes faixas de frequências para as quais as prestadoras possuam autorização concedida pela Anatel”.
Isso significa que a tecnologia pode estar disponível em cidades cujas empresas ainda não instalaram as estações, utilizando faixas como as de 2 ou 3 GHz. Os dados dos municípios são atualizados diariamente pela agência.
No caso do Ceará, 53 cidades já foram liberadas ou antecipadas para contar com a faixa de 3,5 GHz, chamada de “5G Puro” pela Anatel, e outras 54 estão com planejamento aprovado.
Acopiara e Limoeiro do Norte, por exemplo, ainda não contam com a faixa de 3,5 GHz, mas já tem sinal liberado para os moradores. Atualmente, 79,77% e 2,67%, respectivamente, da população dos dois municípios têm acesso ao 5G.
Antecipação da cobertura
O edital do leilão do 5G da Anatel de 2021 define um calendário para que as cidades, da maior para a menor população, contem, até 2029, com estações de 3,5 GHz instaladas em 100% dos municípios.
O texto da concessão, porém, prevê que o cronograma possa ser antecipado, como o que aconteceu no início da semana com Camocim e Canindé.
Atualmente, o cronograma segue a seguinte ordem:
• a partir de 30/06/2022, para capitais e Distrito Federal;
• a partir de 1º/01/2023, nos municípios brasileiros que possuam população igual ou superior a 500 mil habitantes;
• a partir de 30/06/2023, nos municípios brasileiros que possuam população igual ou superior a 200 mil habitantes e em pelo menos 25% dos municípios com população até 30 mil habitantes;
• a partir de 30/06/2024, nos municípios brasileiros que possuam população igual ou superior a 100 mil habitantes e em pelo menos 50% dos municípios com população até 30 mil habitantes;
• a partir de 30/06/2025, em pelo menos 75% dos municípios com população até 30 mil habitantes;
• a partir de 1º de janeiro de 2026, nos demais municípios.
“(É) importante ressaltar que a liberação da faixa de 3,5 GHz não significa que redes do 5G serão instaladas de imediato nas localidades”, declara a Anatel em nota.
No caso do Ceará, são 119 com menos de 30 mil habitantes. Dessas, 27 já tiveram as estações de 3,5 GHz liberadas ou antecipadas; outras 44 estão com planejamento aprovado; e 48 estão com planejamento pendente.
A Anatel ainda esclareceu que os municípios com mais de 30 mil habitantes são de responsabilidade de cobertura das prestadoras nacionais (Claro, Tim e Vivo).
Cidades com população abaixo desse número ficam a cargo das prestadoras regionais. Assim como os demais estados do Nordeste e Centro-Oeste, a responsável pela instalação das estações do 5G no Ceará é a Brisanet.
Fibra óptica no centro da antecipação
Com a consolidação de Fortaleza como hub dos cabos de fibra óptica, devendo ganhar mais três em breve, o sinal do 5G em municípios, sobretudo no interior, deve ser disponibilizado mais rapidamente.
O secretário de Telecomunicações do Ministério da Comunicação, Maximiliano Martinhão, disse que investimentos na área estão sendo feitos para buscar antecipar a instalação das estações de 3,5 GHz.
“A implantação do 5G traz desenvolvimento econômico e social e estamos pensando em meios de antecipar esse processo para 2026”, disse o secretário, explicando na sequência o método a ser usado.
“A gente faz um cálculo de valor presente e a gente verifica quanto está contratado e quanto precisa contratar. Esse desembolso adicional, temos que encontrar isso para fazer junto às empresas”, acrescentou Martinhão.
O gerente regional para Ceará, Piauí e Rio Grande do Norte da Anatel, Gilberto Studart, também ressaltou que a ampliação do 5G depende da oferta de cabos de fibra óptica, e que com mais investimento no setor, uma antecipação ainda maior no cronograma do leilão da faixa é facilitada.
“Só existe 5G porque existe internet, e só existe internet devido aos cabos submarinos que aqui aportam. O 5G depende exclusivamente dos cabos que estão aqui. Quanto maior a capacidade de banda ofertada, melhores serão os serviços, que estarão mais capilarizados e distribuídos em todo o estado do Ceará”, frisou.
Com cada vez mais cidades tendo estações, Gilberto Studart ponderou que o interesse crescente das prestadoras em cidades de pequeno e médio porte antecipa o serviço ao consumidor, que pode usufruir de uma banda larga mais rápida.
“Para que o 5G seja instalado, é preciso haver interesse econômico. As empresas têm que assegurar uma cobertura, mas não em um prazo tão imediato. Conforme seja a necessidade ou a visão de negócio, as empresas que detém autorização antecipam essa instalação”, revelou.
Por Luciano Rodrigues
Fonte: Diário do Nordeste