A Polícia Federal (PF) investiga se o ex-deputado federal e estadual pelo Ceará José Adail Carneiro Silva também realizava lavagem de dinheiro nos Estados Unidos. O político foi preso em flagrante pelo cometimento do crime, por estar na posse de R$ 2 milhões em espécie, em uma empresa situada em Fortaleza, durante a deflagração da segunda fase da Operação Km Livre, na última quinta-feira (19).
O Ministério Público Federal (MPF) deu parecer favorável à conversão da prisão em flagrante em preventiva. Já a defesa de Adail destacou “a inexistência de flagrância delitiva, uma vez que ocorreu apenas o encontro fortuito de numerário na sede da empresa, não restando configurado o delito de lavagem de dinheiro, além de inexistirem os requisitos da prisão preventiva”.
Adail Carneiro já foi transferido para uma unidade do sistema penitenciário cearense, informação confirmada pela PF ontem. Questionada sobre o presídio ao qual o político foi destinado, a Secretaria da Administração Penitenciária (SAP) não respondeu.
Conforme decisão da 11ª Vara da Justiça Federal no Ceará que converteu a prisão em flagrante em prisão preventiva na última sexta (20), durante o cumprimento de outro mandado de busca e apreensão, em uma residência de um sobrinho de Adail, em Mossoró (Rio Grande do Norte), a PF encontrou um extrato de uma conta bancária situada em Miami, nos Estados Unidos.
A conta bancária tem como titular o “sobrinho de Adail, aberta no ano de 2019, fato relevante que aponta novos rumos para a lavagem de valores operada pela Orcrim (organização criminosa)”, detalha a Polícia Federal no relatório enviado à Justiça.
Segundo as investigações, o parente já figurou como sócio do político em uma empresa de locação de veículos envolvida no esquema criminoso de fraudes a licitações públicas.
Foi nesta mesma empresa, localizada no Bairro de Fátima, em Fortaleza, que policiais federais apreenderam R$ 2 milhões em espécie escondidos em caixas de televisores e em uma cozinha, na última quinta-feira (19).
Durante a operação, com a descoberta do dinheiro, os policiais federais deram voz de prisão ao empresário. A defesa de Adail Carneiro não comentou o assunto.
Ao ser interrogado pela PF, o ex-deputado garantiu apenas que o dinheiro tem origem lícita e que irá explicar as suspeitas junto da defesa no decorrer do processo.
Fraudes
Conforme a investigação que resultou na deflagração da segunda fase da Operação Km Livre, a organização criminosa liderada pelo ex-deputado federal e estadual pelo Ceará movimentou cerca de R$ 700 milhões, com fraudes a licitações de locação de veículo de prefeituras cearenses, durante aproximadamente 20 anos. Agentes públicos também são investigados pela PF.
“Essas empresas utilizavam empresas tituladas por interpostas pessoas, que a gente chama de ‘laranjas’, para participarem de um mesmo certame licitatório, forjando uma concorrência fictícia. Uma dessas empresas, controladas pela organização criminosa, vencia o processo e, a partir daí, eram celebrados contratos para a prestação desse serviço de locação de veículos”, detalhou o delegado federal Joécio Duarte de Holanda, coordenador da Operação, no dia da deflagração da segunda fase.
A organização criminosa se utilizou de três empresas, que se revezaram no serviço de locação de veículos, conforme a PF. A lavagem de dinheiro da organização criminosa seria realizada com a aquisição de imóveis, empresas e transações no mercado financeiro.
Conforme os investigadores, há fortes evidências da compra ilícita de corretoras de valores e de participação em sociedades do ramo de energia eólica no Ceará.
Fonte: Diário do Nordeste