A força-tarefa montada por Polícia Federal e Controladoria Geral da União (CGU) identificou que houve movimentação de R$ 56,7 milhões em um esquema de fraude a licitações, lavagem de dinheiro, corrupção e organização criminosa na cidade de Russas. O desvio, que envolve recursos públicos federais disponibilizados ao município entre 2013 e 2020, tem indícios de participação de empresários, políticos, servidores públicos e laranjas ou “testas de ferro”.
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Ao todo, 30 mandados de busca e apreensão determinados pela Justiça Federal de Limoeiro do Norte são cumpridos por cerca de 140 policiais federais e 10 auditores da CGU nas cidades de Fortaleza, Icapuí, Cascavel e Russas, no Ceará; além de Caçapava do Sul, no Rio Grande do Sul, e Brasília. Estão sendo bloqueados valores ilícitos nas contas dos investigados.
De acordo com a investigação, recursos foram desviados em quatro principais grupos (educacional; fantasma; construtora/escritório de contabilidade; e empresa de turismo). Ao todo, somando todos os possíveis desvios do esquema, foi identificada a movimentação de R$ 56.799.931,42.
A reportagem tenta contato com a Prefeitura de Russas, mas as ligações não são atendidas.
“Além da identificação de repasses suspeitos operados em favor de funcionários públicos, vereadores e até do então vice-prefeito da cidade, a análise das contas do grupo econômico indica seu engajamento no fluxo financeiro de interesse de pessoas com passagem pelo tráfico de drogas e/ou conexão com facção criminosa”, escreveu a PF.
Investigações
As investigações tiveram início em 2017, em uma operação iniciada em 2015. Com a análise de dados fiscais e bancários dos envolvidos, a Polícia Federal e a CGU levantaram indícios de atuação de esquema criminoso para fraudar ou direcionar licitações em Russas, envolvendo recursos do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb) e de Valorização dos Profissionais da Educação.
A ação criminosa teve envolvimento de empresas de fachada e empresas que guardavam ligação com um empresário suspeito no município, o qual, coordenando ações de “laranjas” ou interpostos financeiros, beneficiava-se economicamente do esquema de corrupção e lavagem de capitais, juntamente com servidores públicos e políticos.
Ainda nas investigações, foi identificado a atuação de servidores públicos, secretários municipais e políticos de Russas e de outros municípios em esquema de pagamentos de propinas, inclusive através de “laranjas” ou outras pessoas. Também foi apurado uma possível participação de integrantes de facções criminosas atuantes no âmbito nacional.
Crimes
Os indiciados vão responder, de acordo com a participação, pelos crimes de fraude em licitações, lavagem de dinheiro, corrupção e organização criminosa.
A operação Matrioska recebeu o nome em alusão às bonecas russas e remete à complexidade da teia criminosa investigada. As investigações continuam, com análise do material apreendido na operação policial.
Fonte: G1 CE