O médico e ex-prefeito de Uruburetama, José Hilson de Paiva, de 71 anos, saiu do presídio nesta quarta-feira (1º). A Justiça decidiu que José Hilson, acusado de estuprar dezenas de pacientes em seu consultório, fosse beneficiado com prisão domiciliar mediante tornozeleira eletrônica. Os processos contra ele tramitam em segredo de Justiça.
A reportagem apurou que a defesa do réu argumentou pela liberdade dele destacando que José Hilson se enquadra no grupo de risco do novo coronavírus devido à dois fatores: idade e por ser portador de insuficiência coronária. As decisões foram proferidas pelos juízes das Varas das comarca de Uruburetama e Cruz nessa terça-feira (31) e o alvará de soltura cumprido na tarde desta quarta-feira (1º).
Em nota à imprensa, os advogados de defesa do acusado, representados por Leandro Vasques, informaram que “os pedidos consideraram, principalmente, o contexto de pandemia causado pelo novo coronavírus, no qual todos os segmentos da sociedade e as instituições em geral têm somado esforços para refrear o avanço ainda imprevisível do Covid-19. Ademais, o delicado estado de saúde do Sr José Hilson, já demonstrado em outras ocasiões, o torna especialmente vulnerável a essa infecção viral, razão pela qual o confinamento em sua residência vem atender tanto as necessidades de resguardo das ações penais a que ainda responde quanto da sua integridade física”.
Acusação
No segundo semestre de 2019, o Sistema Verdes Mares publicou uma série de reportagens com denúncias de pacientes contra José Hilson de Paiva. O homem chegou a ficar conhecido como ‘Dr. Assédio’, foi afastado da Prefeitura de Uruburetama e ficou impedido de exercer a Medicina.
As denúncias contra ele apontavam que o crime de estupro era cometido desde a década de 1980, em Uruburetama e Cruz. Em julho do ano passado, Paiva foi preso. Na acusação há ainda que o médico filmava os crimes sexuais. Mais de 60 vídeos mostram cenas dos abusos praticados contra, pelo menos, 23 mulheres diferentes. Durante cumprimento de mandado de busca e apreensão, a Polícia recolheu vasto material, incluindo fichas de pacientes, CDs e computadores.
Em julho de 2019, a Justiça decretou a prisão do médico. Ele se entregou e foi levado para a Unidade Prisional Irmã Imelda, que abriga presos com vulnerabilidades. Em setembro, ele teve o pedido de liberdade negado pelo Tribunal de Justiça do Ceará. Em fevereiro deste ano, outro pedido de soltura de José Hilson Paiva havia sido negado.
Por Emanoela Campelo de Melo
Fonte: Diário do Nordeste