A OMS (Organização Mundial da Saúde) decretou neste sábado (23) que a varíola dos macacos é uma emergência sanitária global. Com mais de 16 mil casos em 75 países (mais de 600 no Brasil), a doença provocou até agora cinco mortes e é transmitida principalmente no sexo, segundo estudo publicado na semana passada no New England Journal of Medicine.
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A pesquisa avaliou 528 pacientes de 16 países e identificou que 95% das infecções ocorreram por meio do sexo. O estudo também mostrou que os pacientes têm apresentado sintomas anteriormente não relacionados ao vírus, como lesões genitais únicas e feridas na boca e no ânus, o que pode fazer com que a varíola dos macacos seja confundida com outras ISTs (infecções sexualmente transmissíveis).
“É importante enfatizar que a varíola não é uma IST no sentido tradicional. Ela pode ser adquirida por meio de qualquer tipo de contato físico próximo. No entanto, nosso trabalho sugere que a maioria das transmissões até agora está relacionada principalmente à atividade sexual, mas não exclusivamente, entre homens que praticam sexo com homens”, explicou o principal autor do estudo, John Thornhill.
Como evitar a transmissão?
Apesar de ser principalmente transmitida no sexo, a varíola dos macacos não pode ser prevenida com o uso de camisinha —como ocorre em muitas ISTs. Isso porque o contágio acontece ao entrar em contato com secreções das lesões na pele da pessoa com a doença ou por gotículas de saliva liberadas ao falar, beijar, tossir, espirrar. A transmissão ainda pode ocorrer pelo contato com objetos contaminados com fluídos das lesões do paciente infectado.
Para reduzir o risco de infecção, deve-se evitar o contato próximo com a pessoa doente até que todas as feridas tenham cicatrizado, assim como com qualquer material que tenha sido usado pelo infectado. Também é importante a higienização das mãos, lavando-as com água e sabão ou utilizando álcool gel.
Rico Vasconcelos, infectologista e coordenador clínico de estudos de PrEP de longa duração e de vacina preventiva contra o HIV no Centro de Pesquisas Clínicas do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (Universidade de São Paulo), afirmou que para controlar o aumento dos casos da doença é importante:
• Diagnosticar rapidamente os infectados
• Isolar os pacientes identificados
• Rastrear pessoas que tiveram contato com pessoas com a doença
• Imunizar o quanto antes a população, começando pelos grupos mais vulneráveis
E as vacinas?
Vasconcelos diz que duas vacinas usadas para combater a varíola humana —erradicada desde 1980, segundo a OMS— já se mostraram capazes de proteger contra a varíola dos macacos. Esses imunizantes ainda não estão disponíveis no Brasil e, em geral, são aplicados antes da infecção pelo vírus.
No entanto, as vacinas também podem ser utilizadas como profilaxia pós-exposição, para proteger as pessoas que tiveram contato próximo com alguém diagnosticado com a varíola dos macacos.
Fique atento aos sintomas
Além de lesões genitais únicas e feridas na boca e no ânus, como relatado no estudo publicado no New England Journal of Medicine, a doença também pode provocar:
Sintomas iniciais
• Febre
• Fadiga
• Dor de cabeça
• Dores musculares
Sintomas que surgem 5 dias após o início da febre
• Lesões na pele e manchas vermelhas, que começam na face e se espalham para outras partes do corpo
• Prurido (coceira)
• Aumento dos gânglios cervicais, inguinais e uma erupção formada por pápulas (calombos), que mudam e evoluem para diferentes estágios: vesículas, pústulas, úlcera, lesão madura com casca e lesão sem casca com pele, completando o processo de cicatrização.
Vale ressaltar que uma pessoa só deixa de transmitir o vírus quando todas as cascas das feridas caem e a pele está completamente cicatrizada.
Fonte: VivaBem/UOL