A primeira fase da campanha de vacinação contra o vírus Influenza chega ao fim nesta segunda-feira (10). No Ceará, a meta estipulada pelo Ministério da Saúde era vacinar 1.082.438 de pessoas. No entanto, até agora, só foram aplicadas 350.734 doses do imunizante contra o H1N1, o que corresponde a 32,4% do público-alvo desta etapa.
Fazem parte deste grupo – contemplado na primeira fase – crianças a partir de seis meses a menores de seis anos, gestantes, puérperas (até 45 dias após o parto), povos indígenas (crianças de 6 meses a 18 anos) e trabalhadores da saúde. A campanha deste ano começou no dia 12 de abril e foi divida em três fases, seguindo até o dia 9 de julho. A meta é vacinar 90% do grupo prioritário (3.300.313 cearenses).
O orientador da Célula de Imunização da Secretaria da Saúde (Sesa) do Ceará, Roberto Wagner Júnior Freire de Freitas, avalia que o baixo índice deve-se ao “cenário atípico em que vive o Brasil”, referindo-se ao contexto pandêmico do novo coronavírus, e considera que “algumas pessoas ainda têm receio de sair de casa” temendo uma contaminação pela Covid-19.
A pediatra e diretora da Clínica Previne Vacinas, Dra. Vanuza Chagas, pontua que “o medo de sair de casa foi relatado como uma das principais causas do atraso no calendário vacinal no mundo todo”. Roberto reconhece este desafio, no entanto, alerta a importância da vacinação contra o vírus Influenza e reforça que todos os pontos de vacinação do Ceará seguem rigoroso esquema sanitário.
“Sabemos que o momento exige bastante cautela. A pandemia ainda tem números altos de infecção. Mas, se vacinar contra a Influenza é tão importante quanto a vacina contra a Covid. Através do imunizante (contra a H1N1) a gente reduz internações e evita que o sistema de saúde fique ainda mais sobrecarregado”, descarta Roberto Wagner.
Grupo da primeira fase ainda pode se vacinar
Mesmo com o fim da primeira etapa da vacinação, aqueles que fazem parte do grupo-alvo e não tomaram a vacina conta a gripe ainda poderão se imunizar.
“Ninguém vai ser barrado nos postos de saúde. O Ministério da Saúde dividiu a campanha em três fases para evitar aglomeração nos postos. Então, mesmo com o fim da primeira etapa, orientamos que quem não tomou a dose procure o posto mais perto de sua residência para se imunizar”, explicou o orientador da Sesa.
Cobertura vacinal por grupo:
• indígenas (71%);
• crianças (35%);
• gestantes e puérperas (30%);
• trabalhadores da saúde (18%);
O Ministério da Saúde orienta que a vacina contra a Covid-19 seja priorizada caso a data de vacinação contra a gripe coincida. Quando isso ocorrer, a orientação é remarcar a imunização contra a Influenza para, pelo menos, duas semanas depois ao dia que o paciente recebeu a vacina contra o novo coronavírus.
Esta recomendação pode ajudar a explicar a baixa cobertura vacinal nos profissionais da saúde (18%). “Este é o único grupo em que há sobreposição das vacinas, já que para gestantes e puérperas começou agora”, destacou Roberto.
Indígenas estavam inclusos na primeira fase da vacina contra a Covid-19 e crianças ainda não estão recebendo o imunizante. Referindo-se especificamente as crianças, a pediatra Vanuza Chagas externa preocupação com a baixa cobertura vacinal (35%).
“O vírus Influenza pode causar quadros graves na faixa etária pediátrica (crianças), podendo evoluir com complicações como pneumonia e a síndrome da angústia respiratória aguda, sendo causa frequente de internamentos.”
Dra. Vanuza Chagas, pediatra
Ela acrescenta ainda que a baixa cobertura vacinal pode acarretar de forma importante o Sistema de Saúde. “O risco da criança inclusive transmitir para o adulto, no caso da Influenza, é muito grande, e não sabemos como será a circulação do vírus neste ano”.
Conscientização para aumentar os índices
A Secretaria da Saúde do Estado vai iniciar, nesta semana, reuniões com os gestores municipais de modo a traçar estratégias que possam alavancar os números da vacinação contra a gripe Influenza. O objetivo, segundo Roberto Wagner, é “intensificar as ações e conscientizar a população sobre a importância dessa vacina”;
“A vacina contra a gripe é vital para reduzir internações, complicações e óbitos.”
Roberto Wagner Júnior, orientador da Célula de Imunização da Sesa
Quanto aos óbitos citados por Roberto, a virologista Caroline Gurgel ressalta que a Influenza tem o mesmo padrão de mortalidade do vírus Sars-CoV-2. “O que tem controlado é a vacina. Por isso é imprescindível que ocorra a manutenção dessa imunização”, destacou Gurgel.
Para as gestantes, Dra. Vanuza Chagas destaca que a vacinação tem objetivo duplo: “proteger a gestante, assim como o bebê até o sexto mês de vida”. Segundo a especialista, a gestante que é infectada pelo vírus da Influenza tem maior risco de parto prematuro, “e maior restrição ao uso de várias medicações que são usadas nos quadros de gripe”.
Projeção é alcançar meta de 90%
Mesmo com indicadores aquém do ideal, Roberto acredita que “ao longo das próximas semanas a demanda pelo imunizante subirá” e a meta estabelecida pelo Ministério da Saúde será batida, a exemplo do que ocorrera em anos anteriores.
“Reconhecemos que o número está aquém da cobertura vacinal, mas com diante da intensificação das ações e realizações dos ‘Dia D de vacinação’, acreditamos que esse índice avançará substancialmente”, pontua. Até agora, as cerca de 350 mil doses aplicadas representam apenas 8,8% da meta final, que é vacinar 3,3 milhões de pessoas no Ceará.
Amanhã, dia 11, terá início a fase 2, que e segue até 8 de junho. Nesta etapa, serão vacinados idosos e professores. A terceira e última etapa da vacinação contra a gripe começa em 9 de junho e segue até 9 de julho.
Serão imunizadas as pessoas com comorbidades; pessoas com deficiência permanente; caminhoneiros; trabalhadores do transporte coletivo; trabalhadores portuários; forças de segurança e salvamento; forças armadas; funcionários do sistema de privação de liberdade, população privada de liberdade e adolescentes e jovens sob medidas socioeducativas.
Saiba mais
Nesta 23ª campanha da vacinação contra o vírus da gripe, o Ministério da Saúde excluiu adultos de 55 a 59 anos dos grupos prioritários, dos quais eles faziam parte em 2020. Confira a composição do público-alvo:
• Crianças de 6 meses a menores de 6 anos de idade (5anos, 11 meses e 29 dias);
• Gestantes e puérperas;
• Povos indígenas;
• Trabalhadores da saúde;
• Idosos com 60 anos ou mais;
• Professores;
• Pessoas portadoras de doenças crônicas não transmissíveis;
• Pessoas com deficiência permanente;
• Forças de segurança, salvamento e funcionários do sistema prisional
• Caminhoneiros e trabalhadores de transporte coletivo;
• Adolescentes e jovens de 12 a 21 anos sob medidas socioeducativas e população privada de liberdade.
Por André Costa
Fonte: Diário do Nordeste