A vacina contra o vírus do HPV, recentemente ampliada pelo Ministério da Saúde para incluir usuários da profilaxia pré-exposição (PrEP), já está disponível nas salas de vacinação e nos Centros de Referência para Imunobiológicos Especiais (Cries) em todo o estado do Ceará. A medida é direcionada para indivíduos entre 15 e 45 anos de idade, como destacou Ana Karine Borges, coordenadora de imunização da Secretaria Estadual da Saúde (Sesa).
Curta, siga e se inscreva nas nossas redes sociais:
Facebook | X | Instagram | YouTube | Bluesky
Sugira uma reportagem. Mande uma mensagem para o nosso WhatsApp.
Entre no canal do Revista Cariri no Telegram e veja as principais notícias do dia.
“Precisamos aproveitar a oportunidade vacinando aqueles que têm maior risco para o adoecimento. As três salas de Vapt Vupt que têm salas de vacina contam também com a disponibilidade dessa vacina, lembrando que a vacinação dentro dos Vapt Vupt acontece por meio de agendamento”, informou Ana Karine.
Segundo nota técnica do Ministério da Saúde, o grupo deve receber a vacina quadrivalente, que protege contra os tipos 6, 11, 16 e 18 do vírus, no esquema de três doses.
Jonas (nome fictício), 35 anos, usuário da PrEP há dois anos, tomou a primeira dose da vacina contra HPV um dia após o anúncio da ampliação. “Considero de enorme importância, pois a vacina previne contra o câncer e as doenças provenientes do vírus HPV. Um alívio na vida de quem se vacinou e para a sociedade em geral”, compartilhou.
Disponibilizada gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS) desde 2014, a vacina contra o HPV faz parte do Calendário Nacional de Vacinação e protege contra infecções sexualmente transmissíveis (IST) causadas pelo vírus, além de prevenir o desenvolvimento de até seis tipos diferentes de câncer: colo do útero, vulva, vagina, pênis, ânus e garganta.
“A ampliação da possibilidade de vacinação é uma forma de reduzir ainda mais a infecção pelo HPV e também a transmissão, impedindo que as pessoas que utilizam a PrEP — e, teoricamente, estão mais expostas sexualmente — contraiam formas do HPV mais oncogênicas (que podem levar ao câncer), já que houve um grande aumento de câncer de pênis e de colo do útero associado ao HPV”, explicou Glaura Fernandes, infectologista do Hospital São José (HSJ), unidade da Sesa referência no tratamento de doenças infecciosas.
A vacina é indicada para usuários de PrEP que ainda não foram vacinados contra o HPV ou que têm esquema vacinal incompleto. Para receber o imunizante, basta procurar uma sala de vacinação da rede pública e apresentar comprovação de uso da PrEP, como formulário de prescrição da vacina ou da PrEP, cartão de seguimento ou até mesmo o próprio medicamento.
De acordo com o Ministério da Saúde, o HPV possui mais de 200 tipos diferentes, sendo que pelo menos 12 têm alto risco de evoluir para câncer. Os tipos 16 e 18, por exemplo, estão presentes em 70% dos casos de câncer do colo do útero. “Mesmo quem já foi infectado pelo HPV ainda se beneficia com a aplicação da vacina, pois há mais vantagens em evitar a contração de outros tipos do que em investigar se a pessoa tem ou não aquele tipo específico da vacina”, esclareceu a infectologista Glaura Fernandes.
Além dos usuários de PrEP, a vacina também está disponível pelo SUS para crianças e adolescentes de 9 a 14 anos, em dose única, e para pessoas vivendo com HIV/Aids, transplantados de órgãos sólidos e medula, e pacientes oncológicos entre 9 e 45 anos, no esquema de três doses. O imunizante é indicado ainda para vítimas de abuso sexual, em três doses, entre 15 e 45 anos, ou em duas doses, entre 9 e 14 anos.
Sobre o HPV
O HPV (papilomavírus humano) é capaz de infectar pele e mucosas, como boca, genitais e ânus. A infecção é geralmente assintomática, com verrugas características do HPV não visíveis a olho nu no início. “Na mulher, é ainda mais complicado, pois ela pode ter verrugas de HPV dentro do canal vaginal, que só podem ser vistas no exame ginecológico. Os sintomas só aparecem quando a infecção estiver em estágio avançado”, alertou a infectologista Glaura Fernandes.
A transmissão ocorre principalmente por contato sexual ou durante o parto. As principais medidas de prevenção incluem o uso de preservativos nas relações sexuais, exames preventivos como o papanicolau, e a vacinação contra o HPV.
Sobre a PrEP
A PrEP utiliza medicamentos antirretrovirais recomendados antes da exposição ao HIV, reduzindo a probabilidade de infecção. Deve ser usada sob orientação médica, com acompanhamento regular. É indicada, por exemplo, para casais sorodiferentes e para pessoas em risco elevado de exposição ao HIV, como profissionais do sexo ou indivíduos com histórico de ISTs. A PrEP está disponível no SUS desde 2018.
Por Nicolas Uchoa