Nunca se falou tanto em saúde mental como em 2020. E em um ano como esse, a campanha Setembro Amarelo se mostra ainda mais necessária.
Desde 2014, o mês de setembro é o Mês da Prevenção ao Suicídio, em iniciativa da Associação Brasileira de Psiquiatria em parceria com o Conselho Federal de Medicina.
Além de conscientizar sobre o tema, o principal objetivo da campanha é prevenir e reduzir o número de casos. Só no Brasil são registrados cerca de 12 mil suicídios por ano. No mundo inteiro, são mais de um milhão casos anuais.
De acordo com a cartilha elaborada pela campanha, por dia, 32 pessoas tiram a própria vida no país e 17% dos brasileiros já cogitaram a possibilidade. Os homens e os jovens representam a maioria das vítimas.
Tema tabu no Brasil, o suicídio voltou ao centro das discussões devido aos efeitos do isolamento na saúde mental da população em meio à pandemia do novo coronavírus.
Segundo dados da agência ComunicaQueMuda (CQM), publicados pela Folha de S. Paulo, foram contabilizadas 103.923 menções ao tema nas redes sociais só em maio de 2020.
Setembro Amarelo: entender para prevenir
Para prevenir novos casos, é fundamental conhecer os fatores que podem levar ao suicídio e também reconhecer possíveis sinais de que uma pessoa possa estar em risco.
Segundo dados oficiais da campanha, a grande maioria destes casos está relacionada a transtornos psicológicos. Em primeiro lugar, aparece a depressão, que hoje atinge mais de 12 milhões de brasileiros, seguida de transtorno bipolar, abusos de substâncias e esquizofrenia.
A fim de evitar o estigma, também é necessário compreender que nem toda pessoa com um dos transtornos psicológicos citados irá, necessariamente, atentar contra a própria vida. Os dados apontam apenas que, nos casos notificados, foi identificada relação com distúrbios mentais.
Por esse motivo, o acompanhamento psicológico ou psiquiátrico é imprescindível em casos de problemas de saúde mental para o tratamento adequado caso a caso.
No entanto, eles não são as únicas causas possíveis. Há uma complexa interação entre fatores psicológicos, biológicos, genéticos, culturais e até socioambientais que podem servir de gatilho emocional.
Segundo a cartilha do Setembro Amarelo, esses são os demais sinais de alerta:
• Histórico pessoal: a tentativa prévia é considerada o principal fator de risco;
• Ideação suicida: comentários que demonstrem sensação de desespero, desamparo ou falta de esperança;
• Estressores recentes: separação, falência, perda de emprego, perda de ente querido, migração, entre outros;
• Eventos adversos na infância ou na adolescência: ter sofrido abuso físico ou psicológico e falta de apoio social também são considerados fatores de riscos;
• Presença de outras doenças: doenças crônicas são fatores de risco, especialmente neoplasias em fase terminal.
Além disso, é importante ficar atento a sinais que sugiram despedidas, como cartas, bilhetes, ligações ou mensagens em redes sociais.
Comportamentos impulsivos provocados por eventos negativos e comentários que indiquem profunda infelicidade e descontentamento com a vida também devem ser observados.
Saiba onde encontrar ajuda
Como sugere o lema da campanha, é preciso agir. Suicídios podem ser evitados e a ação é essencial para a prevenção de novos casos. Reconhecer a existência do problema é o primeiro passo, mas procurar ajuda especializada é o que salva vidas.
Um importante canal nesta luta é o Centro de Valorização da Vida (CVV), que oferece apoio emocional gratuito na prevenção do suicídio por telefone, e-mail ou chat, 24 horas por dia. Para contato por telefone, ligue 188.
Para quem pode pagar, há plataformas, como o Zenklub e Vittude, que oferecem terapia online por diferentes preços. Há ainda psicólogos autônomos que migraram para a internet devido à pandemia.
Por fim, o site oficial do Setembro Amarelo oferece materiais gratuitos para download, como uma cartilha com informações mais detalhadas sobre causas, fatores de ricos e métodos de prevenção.
Fonte: Seleções