O Ministério da Saúde informou, em nota divulgada pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) no Facebook, que mudou a divulgação diária sobre os casos de Covid-19 porque o acúmulo de dados não estava “retratando o momento do país”.
Assim, as divulgações passarão a conter apenas os dados das últimas 24 horas, além de serem realizadas às 22h (de Brasília), e não mais às 19h. No começo da pandemia, com o ministério ainda sob gestão de Luiz Henrique Mandetta, o anúncio era feito ainda mais cedo, às 17h.
“A divulgação dos dados de 24 horas permite acompanhar a realidade do país neste momento e definir estratégias adequadas para o atendimento a população. A curva de casos mostram as situações como os cenários mais críticos, as reversões de quadros e a necessidade para preparação”, diz a nota.
Os números acumulados de casos e mortes deixaram de ser divulgados desde ontem pela Saúde. “Ao acumular dados, além de não indicar que a maior parcela já não está com a doença, não retratam o momento do país. Outras ações estão em curso para melhorar a notificação dos casos e confirmação diagnóstica”, justificou a pasta, em nota.
O Ministério disse, ainda, que as “rotinas e fluxos estão sendo adequados para garantir a melhor extração dos dados diários, o que implica em aguardar os relatórios estaduais e checagem de dados”. Por isso, na visão da pasta, a divulgação às 22h é mais adequada.
“Para evitar subnotificação e inconsistências, o Ministério da Saúde optou pela divulgação às 22h, o que permite passar por esse processo completo. A divulgação entre 17h e 19h, ainda havia risco subnotificação. Os fluxos estão sendo padronizados e adequados para a melhor precisão”, completa a nota.
Nesta sexta-feira (5), o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) já havia informado que haveria mudanças depois de, pela segunda vez consecutiva, a divulgação ser adiada para as 22h (de Brasília).
“É para pegar o dado mais consolidado. E tem que divulgar os mortos no dia. Ontem, por exemplo, dois terços dos mortos eram de dias anteriores. Tem que divulgar o do dia”, argumentou.
O presidente também defendeu que a pasta divulgue no final da noite os dados sobre a pandemia no país como forma de atacar a Rede Globo. “Acabou matéria no Jornal Nacional”, disse.
Os dados oficiais atualizados do Ministério da Saúde apontam ontem que o país alcançou a marca de 35.026 mortes em decorrência do coronavírus, com 1.005 óbitos confirmados nas últimas 24 horas. Com a inclusão de 30.830 novos diagnósticos, o país ainda contabiliza no total 645.771 casos em todo o seu território.
Esvaziamento de informações
Após três gestões diferentes e mais um período sem ministro, o Ministério da Saúde agora trata e comunica a Covid-19 de maneira bem diferente em relação ao início da pandemia no país. As entrevistas coletivas, antes diárias, perderam frequência, presença e qualidade, e a pasta passou a cancelar eventos em cima da hora.
Nesta sexta-feira (5), o site oficial da Covid-19, que apresentava um balanço detalhado sobre a situação da pandemia de Covid-19 no país, saiu do ar. Uma mensagem dizendo “portal em manutenção” passou a ser a única informação indisponível no endereço, que antes trazia detalhamento por estados, gráficos com a evolução de casos e óbitos, bem como informações sobre início dos sintomas, entre outros detalhamentos. O Ministério ainda não se pronunciou sobre o problema e a plataforma continua fora do ar.
Antes da confirmação do general Eduardo Pazuello como ministro interino da Saúde, responderam pela pasta Nelson Teich e Luiz Henrique Mandetta. Os dois pediram demissão em meio à pandemia.
Fonte: UOL