O consumo de álcool é a terceira principal causa evitável de câncer nos Estados Unidos, mas a relação direta entre o hábito e a doença ainda é desconhecida por grande parte da população. Em um novo relatório publicado na última sexta-feira (3), o cirurgião-geral dos EUA, Dr. Vivek Murthy, pediu a atualização dos rótulos de advertência em bebidas alcoólicas, destacando os riscos relacionados ao câncer.
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O Surgeon General’s Advisory on Alcohol and Cancer Risk aponta que o álcool está associado a pelo menos sete tipos de câncer, incluindo os de mama, fígado, colorreto, esôfago e boca. De acordo com Murthy, o álcool é responsável anualmente por cerca de 100 mil casos de câncer e 20 mil mortes no país, números superiores às 13.500 mortes causadas por acidentes de trânsito envolvendo álcool.
Dados alarmantes e riscos subestimados
Embora o álcool seja classificado como cancerígeno do Grupo 1 pela Agência Internacional de Pesquisa sobre o Câncer (IARC), o nível mais alto de risco, menos da metade dos americanos sabe sobre essa ligação, que já era reconhecida desde os anos 1980. Estudos mostram que o risco de câncer pode aumentar mesmo com o consumo moderado, como uma única dose diária.
Entre os cânceres associados ao álcool, o de mama tem uma das relações mais claras, com 16,4% dos casos atribuíveis ao consumo. O relatório também destaca como o álcool pode danificar o DNA, gerar inflamações e alterar os níveis hormonais, fatores que contribuem para o desenvolvimento de tumores.
Rótulos desatualizados
Nos Estados Unidos, os rótulos de advertência em bebidas alcoólicas não são atualizados desde 1988. Atualmente, eles alertam sobre riscos à gravidez e capacidade de operar máquinas, mas não mencionam o câncer. Em contraste, países como a Coreia do Sul e, em breve, a Irlanda, já incluem mensagens específicas sobre os riscos cancerígenos do álcool.
Pesquisas sugerem que rótulos mais detalhados podem aumentar a conscientização. No Canadá, uma experiência com rótulos coloridos que informavam sobre o risco de câncer resultou em um aumento de 10% no conhecimento público em apenas dois meses, embora tenha sido interrompida após pressão da indústria do álcool.
Mudança depende do Congresso
A implementação de rótulos mais rigorosos nos EUA depende do Congresso. Para Murthy, a medida é essencial para informar e proteger os consumidores: “Os rótulos de advertência são ferramentas eficazes para aumentar a conscientização sobre os riscos à saúde e promover mudanças de comportamento.”
A iniciativa também foi amplamente apoiada pela Associação Médica Americana (AMA), que ressaltou a importância de combater a desinformação e salvar vidas por meio de medidas educativas.
Por Aline Dantas