O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, criticou a obrigatoriedade do uso de máscaras no Brasil. Na visão dele, deveria ser um ato de conscientização da população. As declarações, que contrariam evidências científicas, foram dadas nesta quarta-feira ao canal bolsonarista “Terça Livre”, investigado pela CPI da Covid.
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— Somos contra essa obrigatoriedade. O Brasil tem muitas leis e as pessoas, infelizmente, não observam. O uso de máscaras tem de ser um ato de conscientização — afirmou o ministro, na entrevista.
A comissão quebrou o sigilo do veículo, comandado pelo blogueiro Allan dos Santos, para apurar a disseminação de fake news sobre a pandemia. Além disso, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) instruiu redes sociais a não repassarem verba publicitária.
A fala do cardiologista vai de encontro a outros posicionamentos dele. Em depoimento à CPI, Queiroga havia defendido a obrigatoriedade:
— No Ministério da Saúde, primeira atitude minha como ministro, senador Humberto Costa, foi editar uma portaria obrigando o uso de máscaras no Ministério da Saúde, porque nós julgamos isso importante. (…) Também colocamos já no ar uma campanha publicitária muito forte, essa campanha não só acerca da vacina, mas também acerca das chamadas medidas não farmacológicas — declarou em 8 de junho.
Em junho, por dissimulação, o ministro Queiroga defendeu na CPI o uso obrigatório da máscara. Assumindo o negacionismo e cumprindo ordem, agora é contra. Cai mais uma vez sua máscara. #CPIdaPandemia
— Renan Calheiros (@renancalheiros) August 18, 2021
O Ministério da Saúde, contudo, pouco se dedicou a elaborar políticas públicas que incentivassem o uso de máscaras. O presidente Jair Bolsonaro chegou a anunciar em junho que a pasta desobrigaria a utilização da proteção facial para pessoas vacinadas ou que já se contaminaram. No mesmo dia, Queiroga recuou e disse que a questão era estudada pelo órgão. Dois meses depois, a ação ainda não teve desfecho.
Estados preveem a aplicação de multas para quem não utilizar a proteção facial em locais públicos. É o caso de São Paulo, que já autuou o presidente Jair Bolsonaro por três vezes. O valor da multa pode alcançar R$ 290,9 mil. Autoridades como os ministros Tarcísio Gomes de Freitas (Infraestrutura) e general Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional), além da deputada federal Carla Zambelli (PSL-SP), também já receberam a penalidade.
Fonte: O Globo