Raio-X, tomografia, mamografia, ressonância, ultrassonografia: É cada vez mais comum fazer exames de imagem para prevenção, diagnóstico e tratamento de determinadas doenças, mas a radiação emitida por alguns aparelhos e medicamentos tem sido motivo de preocupação por parte da população. Afinal, fazer exames radiológicos é seguro?
Curta e siga nossas redes sociais:
Sugira uma reportagem. Mande uma mensagem para o nosso WhatsApp.
Radiação é toda energia que se propaga em forma de onda eletromagnética e é dividida em dois tipos: ionizante e não ionizante, ambas interagem em contato com o organismo e são importantes para a qualidade de vida.
Entretanto, em excesso ou sem proteção, podem provocar complicações. Os raios ionizantes x, beta e gama têm maior potencial para o desenvolvimento de câncer, mas, quando emitidos de forma controlada, oferecem segurança e mais do que o dobro de chance de cura de doenças.
Tipos de radiação
Segundo o Inca (Instituto Nacional do Câncer), a radiação ionizante é a que tem energia potencial para causar danos no DNA das células e pode ser encontrada em fonte natural, proveniente da crosta terrestre como solo, rochas e materiais de construção, ou “não natural”, produzida pelo homem.
A maior preocupação, como fonte natural, é o gás radônio, presente em ambientes fechados como minas subterrâneas, residências ou locais de trabalho. Sem cheiro, cor ou sabor, é imperceptível ao ser inalado e pode causar câncer de pulmão, a longo prazo. Para se proteger, basta ventilar o local para evitar o acúmulo.
Raio-X, tomografia computadorizada e radioterapia são as principais fontes artificiais de radiação ionizante, mas, para se tornarem prejudiciais ao organismo, dependem de fatores de exposição como a quantidade, intensidade e duração.
Para que a exposição seja feita com segurança, o especialista avalia a condição de saúde do paciente, a idade, peso, altura, predisposição genética e sensibilidade do local atingido. Os dados também são inseridos no software dos equipamentos, que calculam o risco e indicam o melhor caminho.
A radiação não ionizante é a de baixa energia subdividida em eletromagnética, como a emitida pela radiação solar, e micro-ondas, emitida por celulares e transmissores de rádio, televisão e luz elétrica. Embora menos agressiva se comparada à radiação ionizante, pode aumentar o risco de câncer, sendo necessário adotar medidas de prevenção como o uso de EPI (Equipamentos de Proteção Individual) para trabalhadores expostos e de protetor solar para a população.
Exames de diagnóstico
Os exames de imagem são divididos em duas áreas: radiologia e medicina nuclear. A radiologia analisa a anatomia da estrutura interna do organismo e tem como principais exames o raio-X, a tomografia computadorizada, a mamografia, que emitem radiação ionizante; e a ressonância magnética e a ultrassonografia, que não emitem radiação.
Em alguns casos, para facilitar a visualização de um órgão, é necessário o uso de contrastes que, embora possam provocar reações desconfortáveis em algumas pessoas por toxicidade, não possuem radioatividade.
A medicina nuclear avalia o funcionamento dos órgãos e tecidos, principalmente em doenças oncológicas, cardiovasculares e neurológicas, através dos exames PET-CT (Tomografia por Exposição de Pósitrons – Tomografia Computadorizada) e cintilografia.
Diferente da radiologia, os equipamentos não emitem radiação significativa, mas, para que o procedimento seja eficaz, é necessário detectar a radiação emitida por radiofármacos, que são compostos radioativos ingeridos por via oral ou endovenosa.
Radioiodoterapia
O iodo radioativo é um dos radiofármacos mais conhecidos por tratar o hipertireoidismo em sua forma grave, quando não responde ao tratamento medicamentoso, causado pela doença de Graves, que é uma hiperfunção da glândula tireoide de caráter benigno e autoimune.
Na radioiodoterapia, o paciente ingere o iodo-131, que destrói a glândula fazendo com que ela volte a funcionar normalmente ou reduza a sua função para hipotireoidismo, o que melhora a qualidade de vida. A terapia é a mesma utilizada para o tratamento de câncer de tireoide, mas a dose para tumores é de três a quatro vezes maior.
Radioterapia
A radioterapia é uma terapia feita com equipamentos que emitem radiações ionizantes e pode ser externa (teleterapia), quando a fonte de radiação está longe do paciente e geralmente é feita em aparelhos mais modernos que são os aceleradores lineares, ou interna (braquiterapia), quando está próxima ou em contato com o tumor que precisa ser tratado.
Embora a radioterapia possa ser utilizada para melhorar a saúde de pacientes que não respondem bem à terapia medicamentosa para diferentes doenças, na maioria dos casos, é indicada para impedir o crescimento de um tumor ou destruí-lo completamente.
A radiação para tratamentos, especialmente oncológicos, é maior do que para exames de diagnósticos. Em tese, aumentam os riscos de lesões e efeitos colaterais, mas com o avanço tecnológico tem sido cada vez mais raro o aparecimento de complicações graves.
No momento em que o paciente está na máquina, é indolor, mas as reações podem aparecer durante o tratamento ou anos depois e são classificadas como agudas, subagudas ou tardias, sempre relacionadas à área que é tratada.
Diferente da quimioterapia, que combate o câncer com medicamentos que percorrem a corrente sanguínea e destroem as células doentes de todo o corpo, a radioterapia tem foco local, mas pode agir em outras regiões distantes.
Mitos e verdades sobre a radiação
Exames e tratamento com radiação causam câncer?
Somente em excesso. Qualquer exposição à radiação oferece um risco mínimo para a saúde, por isso é avaliado o risco e benefício, mas fazer exames anualmente e tratar doenças existentes com monitoramento, não faz com que apareçam tumores no organismo.
Existe quantidade limite de exames por ano?
Verdade. A quantidade de exames de imagem e tratamentos radiológicos por ano é relativa. O raio-X é emitido por equipamentos de diagnóstico, geralmente com baixa frequência, mas, exames como a tomografia, que tem alta energia com radioatividade dez vezes maior do que o raio-X tradicional, devem ser limitados de uma a duas vezes por ano.
A mamografia não deve ser feita antes dos 35 anos, porque é passível de falso-negativo para câncer de mama, quando muito jovem, o que torna a exposição desnecessária. Em alguns casos, especialistas optam pela ultrassonografia e ressonância, que não emitem radiação.
Posso levar radiação para casa?
Verdade. Quando utilizado o iodo-123 para diagnóstico não é necessário cuidados após o exame, mas, nos tratamentos com iodo-131, que emite os raios beta e gama, que têm energia suficiente para irradiar, é preciso internação de 24 a 48 horas e medidas de controle radiológico como dormir desacompanhado, separar utensílios e se manter distante das pessoas e animais, por alguns dias.
Andar descalço “descarrega” a radiação?
Mito. Não existem estudos científicos nem casos clínicos que comprovem a relação entre a eliminação da radiação e andar descalço.
Qualquer iodo é radioativo?
Mito. Existem vários tipos de iodo. O iodo-127 não possui radioatividade, mas o iodo-131 é o mais radioativo, geralmente utilizado para o tratamento de hipertireoidismo e câncer de tireoide. O iodo-123 possui menor energia e é usado para diagnóstico, como na cintilografia, e o iodo-125 em laboratório.
Alérgicos à iodo podem fazer radioiodoterapia?
Verdade. A quantidade de iodeto, íon de iodo encontrado nos frutos do mar e no sal de cozinha, é muito pequena no composto de radioiodoterapia, então não gera limitação.
Quem fez radioiodoterapia pode engravidar?
Verdade. O indicado é esperar de seis meses a um ano para engravidar, mas, se acontecer antes do previsto, não é necessário interromper a gestação.
A radioterapia queima a pele?
Mito. Antes de iniciar o tratamento com a radioterapia, a equipe multidisciplinar avalia os potenciais riscos e inicia medidas preventivas com cremes específicos. Pequenas lesões podem aparecer em pessoas com maior sensibilidade à radiação somente durante o tratamento, a partir da segunda semana, mas especialistas conseguem contornar a situação.
Fontes consultadas: Adelina Sanches, médica nuclear na Santa Casa de Misericórdia e diretora da Sociedade Brasileira de Medicina Nuclear, na Bahia; Marcony Andrade, médico radiologista, especialista em diagnóstico por imagem no Hospital Aliança e no Hospital Santa Izabel, ambos na Bahia; Rossana Corbo, supervisora da área de endocrinologia oncológica do Inca (Instituto Nacional do Câncer), no Rio de Janeiro; Raquel Guimarães, radioterapeuta e chefe da Divisão de Diagnóstico do Inca (Instituto Nacional do Câncer), no Rio de Janeiro; e Aref Muhieddine, médico radioterapeuta no Hospital Alemão Oswaldo Cruz e Beneficência Portuguesa, ambos em São Paulo.
Fonte: VivaBem/UOL