Pesquisadores do Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal do Cariri (CCAB/UFCA), em parceria com outras seis instituições brasileiras, descobriram que moléculas obtidas em plantas da Chapada do Araripe podem inibir a infecção por diferentes variantes do vírus Sars-Cov-2, causador da Covid-19.
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O resultado da pesquisa foi publicado, em formato de artigo científico, neste mês de setembro, na revista Viruses, periódico internacional especializado em estudos virais (classificação A2, no Qualis Periódico/Capes). Entre os resultados, o estudo mostrou que as moléculas das plantas foram capazes de inibir em até 95% a infeção das variantes Omicron, Gama e Wuhan-Hu-1.
Estudo
A pesquisa investigou moléculas obtidas das espécies Canavalia brasiliensis, conhecida popularmente como feijão bravo, e Dioclea violacea, conhecida como mucunã. As moléculas utilizadas nos testes foram isoladas no Laboratório de Biologia Estrutural e Molecular pelo professor e pesquisador da UFCA, Claudener Teixeira, e pelo estudante de doutorado do Programa de Pós-Graduação em Bioquímica da Universidade Federal do Ceará (UFC), Romério Silva, orientando de Claudener.
“Diferente de outros fármacos utilizados em estudos mais avançados, os nossos resultados mostraram que as moléculas das plantas foram capazes de se ligar a moléculas de açúcares contidos no vírus, e assim, impedir que o Sars-CoV-2 possa se ligar às células e infectá-las. Esses resultados podem abrir caminhos para uma nova abordagem de fármacos com potencial antiviral para Covid-19”, ressaltou Claudener Teixeira.
Os ensaios antivirais foram liderados pela professora e pesquisadora Ana Carolina Gomes Jardim, do Laboratório de Pesquisa Antiviral, do Instituto de Ciências Biomédicas, da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), e pela estudante de doutorado, Victória Riquena Grosche.
Com o resultado encontrado, Victória Riquena dará continuidade com demais estudos sobre essas moléculas na Universidade de Leeds, na Inglaterra. Os próximos passos da pesquisa serão avaliar mecanismos antivirais in vitro (realizados fora de um organismo vivo) e, em seguida, iniciar a fase de testes em animais.
Além da participação da UFCA e da UFU, o estudo contou com pesquisadores/as da Universidade de São Paulo (USP), da Universidade Estadual Paulista (Unesp), da Universidade Ceuma (São Luís – MA), da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (Uesb).
Uso sem acompanhamento pode causar intoxicação
Apesar dos resultados positivos, o professor Claudener Teixeira alerta que o uso das espécies em estudo não é recomendado para o tratamento de infecções virais ou de qualquer outra doença. A pesquisa desenvolvida, conforme explicou o pesquisador, foi conduzida com moléculas isoladas em laboratório por uma equipe especializada.
“O uso das plantas nos tratamentos de doenças, sem acompanhamento ou recomendação médica, pode ocasionar intoxicação por outras substâncias que a planta pode conter”, ressaltou o professor.