Os médicos que cuidaram de Paulinha Abelha montaram um quebra-cabeças para chegar a um diagnóstico sobre o que provocou o problema renal que levou a cantora à morte nesta quarta-feira (23). A vocalista do grupo Calcinha Preta estava internada desde o dia 11 de fevereiro, teve uma inflamação no fígado e, posteriormente, da membrana que reveste o cérebro.
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Segundo a equipe que cuidou na cantora no Hospital Primavera, em Aracaju, a artista morreu “em decorrência de um quadro de comprometimento multissistêmico”. Na UTI, Paulinha Abelha entrou em coma grau 3, respirando com ajuda de aparelhos e precisou de diálise para filtrar substâncias tóxicas de seu organismo. Entre as hipóteses investigadas pelos médicos estava a intoxicação por uso de remédios para emagrecer e diuréticos. Eles confirmaram que ela estava fazendo tratamento para perder peso, com o uso de fórmula receitada por um nutrólogo.
“Foi prescrito e tinha acompanhamento de um profissional de saúde”, disse o diretor técnico do hospital, Ricardo Leite, que participou da coletiva sobre o estado de saúde da cantora, na última terça-feira (22), juntamente com o neurologista Marcos Aurélio Alves e o intensivista André Luís Veiga de Oliveira.
Segundo Leite, os órgãos afetados passaram por biópsia para ajudar no processo de diagnóstico, mas não houve conclusão a tempo. Uma possível doença autoimune, quando o próprio corpo ataca o sistema imunológico, também foi investigada. Um possível quadro de comprometimento renal crônico anterior foi descartado, assim como a ligação de bactéria ou vírus com o quadro neurológico.
Um terceira hipótese foi a Síndrome de Haff, popularmente conhecida como “doença do sushi”. Ela é provocada por uma lesão muscular que resulta na elevação dos níveis séricos de creatina fosfoquinase (CPK) e, em alguns casos, provoca escurecimento da coloração da urina, variando de avermelhada a marrom, característica que a fez ser conhecida também como “doença da urina preta”. Ela tem rápido início após a ingestão de certos peixes e crustáceos.
A doença entrou na lista de investigação porque Paulinha Abelha comeu em um restaurante na véspera de sua indisposição. Os médicos, no entanto, não acreditam nessa hipótese por conta da evolução neurológica, o que não é comum na Síndrome de Haff.
A síndrome é causada por uma toxina que pode ser encontrada em peixes como o tambaqui, o badejo, a arabaiana ou em crustáceos, como a lagosta, o lagostim e o camarão. Acredita-se que esses animais possam ter se alimentado de algas com certos tipos de toxinas que, consumidas pelo ser humano, provocam os sintomas. Contudo, a toxina, sem cheiro e sem sabor, surge quando o peixe não é guardado e acondicionado de maneira adequada.
Leite disse que a conduta médica para eliminar qualquer provável substância que possa ter provocado uma intoxicação seria por meio de diálise, procedimento que foi feito pela cantora. Outro caminho seria o uso de medicamentos específicos, como antídotos, mas para isso é preciso ter conhecimento de qual seria essa substância.
Fonte: Agência O Globo