A Organização Mundial da Saúde (OMS) disse nesta segunda-feira (10) que a variante B.1.617, identificada primeiramente na Índia no ano passado, está sendo classificada como um tipo digno de preocupação global.
“Nós a classificamos como uma variante preocupante em nível global”, disse Maria Van Kerkhove, autoridade técnica da OMS em Covid-19, em uma entrevista coletiva. “Existe alguma informação disponível que indica uma transmissibilidade acentuada.”
As infecções e mortes de coronavírus na Índia ficaram próximas das altas diárias recordes nesta segunda-feira (10), aumentando os apelos para que o governo do primeiro-ministro, Narendra Modi, adote um lockdown no segundo país mais populoso do mundo.
A OMS disse que a linhagem predominante da B.1.617 foi identificada primeiramente na Índia em dezembro, embora uma versão anterior tenha sido detectada em outubro de 2020.
A variante já se disseminou em outros países, e muitos adotaram medidas para cortar ou restringir contatos com a Índia.
Van Kerkhove disse que mais informações sobre a variante e suas três linhagens serão disponibilizadas na terça-feira.
O diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, disse que a Fundação OMS está lançando um apelo batizado de “Juntos pela Índia” para arrecadar fundos para a compra de oxigênio, remédios e equipamento de proteção para profissionais de saúde.
A nova variante do coronavírus detectada no país é mais contagiosa e tem características que podem tornar as vacinas menos eficazes, contribuindo para a expansão da pandemia no país de 1,3 bilhão de pessoas, disse a cientista-chefe da Organização Mundial de Saúde (OMS), Soumya Swaminathan.
Em entrevista à AFP, Swaminathan, pediatra e pesquisadora indiana, disse que a variante B.1.617, detectada pela primeira vez em outubro em seu país, é, sem dúvida, um fator que agravou a epidemia.
Essa variante poderia ser classificada pela OMS na lista das variantes consideradas mais perigosas que o coronavírus original, devido a sua maior disseminação e sua potencial capacidade de anular as defesas fornecidas pelas vacinas, aumentando a taxa de mortalidade entre os pacientes afetados, considerou a cientista.
A variante B.1.617 “apresenta mutações que aumentam a transmissão e que também podem torná-la potencialmente resistente aos anticorpos desenvolvidos por vacinação ou contaminação natural”, explicou.
Mas esta variante não é a única culpada pelo aumento dramático de casos na Índia, que parece ter baixado a guarda muito cedo, com “grandes concentrações”, ressaltou.
Em um país tão vasto como a Índia, o contágio pode continuar silenciosamente por meses. “Esses primeiros sinais foram ignorados até (as transmissões) atingirem um ponto de decolagem vertical”, continuou.
Por enquanto, é muito difícil combater o vírus “porque a epidemia atinge milhares de pessoas e está se multiplicando a um ritmo muito difícil de conter”, disse Swaminathan, alertando que a vacinação sozinha não será suficiente para retomar o controle da situação.
Até o momento, a Índia, maior produtor mundial de vacinas, inoculou duas doses em apenas 2% de sua população. “Demoraria meses, talvez anos, para chegar a um índice de 70 a 80%” da população imunizada, segundo a pesquisadora.
Fonte: G1