A Federação Internacional de Diabetes (IDF) reconheceu oficialmente nesta terça-feira (8) o diabetes tipo 5, uma forma da doença diretamente relacionada à desnutrição proteico-calórica, que atinge especialmente jovens e adolescentes de países de média e baixa renda, como os da África e da Ásia.
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Estimativa global: De 20 a 25 milhões de pessoas podem ter essa condição, mas os casos são amplamente subdiagnosticados.
Por que esse tipo de diabetes é confundido com outros?
A doença era frequentemente confundida com os tipos 1 e 2 do diabetes:
• Tipo 1: Doença autoimune, geralmente diagnosticada em pessoas magras e jovens — um perfil semelhante ao tipo 5.
• Tipo 2: Associado à obesidade e ao estilo de vida sedentário, mais comum em adultos.
Meredith Hawkins, diretora do Instituto Global de Diabetes da Faculdade de Medicina Albert Einstein (EUA), explicou: “Esses pacientes também não pareciam ter diabetes tipo 2, que normalmente está associado à obesidade. É muito confuso.”
Além disso, os pacientes não respondem bem à insulina injetável, já que a substância reduz demais os níveis de glicose no sangue, aumentando o risco de hipoglicemia.
Pesquisas revelaram características exclusivas
Um estudo realizado em 2022 mostrou que o diabetes tipo 5 tem mecanismos distintos dos demais tipos.
A partir de 2010, com a criação de um centro específico para essa linha de pesquisa, os cientistas constataram um grave defeito na capacidade de secreção de insulina, contrariando a antiga ideia de que a causa seria resistência à substância.
Essa descoberta abriu portas para novos tratamentos, ao transformar a forma como o tipo 5 era compreendido até então.
Causa pode estar relacionada à desnutrição ainda no útero
Segundo a professora Bianca Pititto, da Unifesp e integrante da Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD), desnutrição em fases iniciais da vida, inclusive intrauterina, pode afetar o desenvolvimento das células pancreáticas responsáveis pela produção de insulina: “Evidências apontam que a desnutrição precoce impacta a formação e/ou proliferação de células pancreáticas.”
Alta mortalidade e reconhecimento tardio
A condição, descrita pela primeira vez há mais de 70 anos, é grave e debilitante. De acordo com Hawkins, muitos pacientes morrem até um ano após o diagnóstico, dada a dificuldade de tratamento e a precariedade de recursos em áreas afetadas.
Em 1985, a Organização Mundial da Saúde (OMS) reconheceu oficialmente o subtipo como uma forma distinta da doença. Porém, em 1999, esse status foi revogado por falta de estudos que dessem suporte à classificação.
Agora, com o reconhecimento da IDF, o diabetes tipo 5 ganha nova visibilidade internacional e pode receber mais atenção em políticas públicas de saúde.
O que muda com esse reconhecimento?
• Fortalece a busca por tratamentos específicos
• Amplia a visibilidade do problema nos sistemas de saúde
• Possibilita melhores diagnósticos em regiões vulneráveis
• Ajuda a salvar vidas com respostas mais adequadas
O desafio agora é avançar nas pesquisas, ampliar a triagem e garantir o acesso a cuidados médicos para uma população historicamente negligenciada.
Por Bruno Rakowsky