Depressão; transtorno de ansiedade e de estresse pós-traumático; surtos psicóticos; insônia e estresse. A nova onda de Covid-19, em meio à alta transmissão da variante ômicron e ao crescimento de casos de gripe, tem ampliado a sensação de imprevisibilidade e do medo em relação às doenças. O isolamento social e as mudanças provocadas no cotidiano têm gerado uma sobrecarga de pressões psíquicas de várias ordens. Desde o início da pandemia, ocorrências de doenças mentais vêm aumentando.
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De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), quase 1 bilhão de pessoas vivem com transtornos mentais atualmente. Outra pesquisa, realizada pela Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), mostrou que 47,9% dos psiquiatras entrevistados perceberam uma alta nos atendimentos realizados após o início da crise pandêmica e 89,2% dos médicos relataram agravamento do quadro psiquiátrico nos pacientes.
O psiquiatra João Daniel, que atende crianças, jovens e adultos no Hospital de Saúde Mental Professor Frota Pinto (HSM), em Fortaleza, observa que as pessoas reagem de maneira diferente a situações estressantes. “A forma de responder emocionalmente à pandemia vai depender de sua formação, história de vida, características particulares e da comunidade em que vive”, afirma.
De acordo com Daniel, durante a pandemia, foi observado um aumento na quantidade de pacientes que buscam ajuda por medo de adoecer, de ficar internado ou vir a falecer. “São muitas queixas e inseguranças com as questões financeiras, perda de emprego e renda; existe o medo de perder pessoas queridas e as consequências do isolamento social que implicam, algumas vezes, em conflitos familiares”, diz.
Alguns especialistas estão classificando uma quarta onda relacionada às doenças mentais. No entanto, o psiquiatra pontua que este é um tema controverso, pois “estamos passando por um período de muitas transformações na Medicina e na saúde pública”. “Nos últimos anos, alguns fatos foram percebidos na nossa rotina de atendimento, como as crises ou surtos de ansiedade e estresse, que são demandas cada vez mais frequentes, porém está tendo uma procura maior pela ajuda dos especialistas”, frisa João Daniel.
Como lidar melhor com essa situação
O psiquiatra do HSM explica que não existe uma fórmula igual para todos, até porque reagimos de maneiras diferentes a uma mesma situação de estresse. Mas ele enumera algumas dicas importantes e que devem ser colocadas em prática neste momento.
• Planeje uma rotina, mesmo que fique dentro de casa: mantenha horários regulares para levantar e deitar, além dos cuidados usuais e rotinas de alimentação;
• Se estiver em trabalho remoto, faça pausas e se movimente durante o período de trabalho. Sugere-se pausas de 5 minutos a cada 1 hora de trabalho e, preferencialmente, que as pausas sejam ativas;
• Evite ler ou ouvir demais sobre o tema, busque se informar sobre outros assuntos e evite notícias sensacionalistas ou que tragam ansiedade; use as informações para planejar ações práticas;
• Se você já usa alguma medicação, mantenha o uso regular, verifique se vai precisar de nova receita e entre em contato com seu médico;
• Evite o uso de álcool e outras drogas;
• Faça atividades relaxantes como meditar, escutar música, assistir a filmes, ler livros ou realizar cursos on-line;
• Se estiver em sofrimento intenso, busque ajuda profissional de psicólogos e psiquiatras, pois existem profissionais e serviços disponíveis, mesmo à distância;
• Vacine-se, use máscara e higienize as mães com frequência (água e sabão ou álcool em gel).
