Disponível no mercado desde 1969, o ibuprofeno é muito usado na hora em que aparece aquela dor nas costas, na cabeça e até durante o período menstrual, quando a cólica não dá trégua.
O que é ibuprofeno
Trata-se de um MIP (Medicamento Isento de Prescrição) e, por isso, você pode comprá-lo na farmácia sem receita médica. Entre os farmacêuticos e médicos ele é conhecido como um AINE (Anti-Inflamatório Não Esteroidal), uma classe de medicamentos que possui as seguintes ações:
• Antitérmica – é útil no controle da febre;
• Analgésica – atua no controle de dores leves a moderadas;
• Anti-inflamatória – combate inflamação.
Quando ele deve ser usado?
O ibuprofeno é considerado o mais seguro e bem tolerado entre os remédios da sua classe, mas você pode potencializar sua ação e ainda prevenir efeitos adversos fazendo o uso racional do medicamento, ou seja, use-o de forma apropriada, na dose certa e por tempo adequado. A instrução é da OMS (Organização Mundial da Saúde).
Assim, o fármaco pode ser usado para aliviar os seguintes sintomas:
• Dor de cabeça;
• Mal-estar da gripe comum;
• Dor muscular;
• Dor reumatológica;
• Febre;
• Dor nas costas;
• Dor de dente;
• Cólica menstrual.
Conheça as apresentações disponíveis
Os medicamentos de referência cujo princípio ativo é o ibuprofeno são conhecidos como Advil, Alivium, Ibuflex, Buscofem, entre outros. Mas você também pode encontrar as versões genéricas que, igualmente, terão as seguintes apresentações:
• Suspensão (gotas) – dosagens de 30mg e 100 mg;
• Cápsulas/Comprimidos – dosagens de 200mg; 400mg; 600mg.
É importante respeitar as dosagens indicadas pelo fabricante, médico ou farmacêutico e sempre iniciar o uso desse medicamento a partir das menores dosagens disponíveis, deixando as maiores para situações mais graves.
Entenda como ele funciona
O Ibrupofeno possui excelente farmacocinética, ou seja, independentemente da apresentação, ele é bem absorvido e distribuído pelos tecidos, até que chega a seu alvo, efetua sua ação, se transforma em um produto excretável (metabolização) e finaliza sua tarefa, saindo do corpo pela via renal.
Quanto à farmacodinâmica, ou mecanismo de ação, ele age bloqueando os mecanismos orgânicos que causam a dor e a inflamação (enzima COX2). O tempo de espera para se beneficiar de seus efeitos é de 20 a 30 minutos, e eles têm duração de 4 a 6 horas.
“É importante lembrar que o Ibuprofeno não é remédio para curar doenças. Ele apenas controla os sintomas e, por isso, deve ser usado para melhorar a qualidade de vida das pessoas por determinado espaço de tempo”, adverte Fernanda Cristina Ostrowski Sales, farmacêutica e bioquímica, docente da faculdade de Medicina, Farmácia e Odontologia da PUC-PR (Pontifícia Universidade Católica do Paraná).
Quais são as vantagens e desvantagens do seu uso?
A primeira vantagem é que o ibuprofeno é considerado o mais tolerado medicamento entre os AINEs, especialmente entre as crianças acima de 2 anos. Por isso ele é muito indicado pelos pediatras. Além disso, é reconhecido como sendo o de maior segurança, desde que respeitadas as suas indicações, doses e contraindicações.
A segunda vantagem diz respeito aos menores riscos de hemorragia, toxicidade hepática e agranulocitose, ou seja, redução do sistema de defesa do corpo, quando comparado à dipirona e ao paracetamol.
A desvantagem é que ele não pode ser usado por pessoas alérgicas a algum dos seus componentes. Contudo, a depender da causa de seu uso, há outros fármacos com ações semelhantes. Nesses casos, o paracetamol ou a dipirona poderão substituí-lo.
Quem deve evitar o ibuprofeno
Fale com o farmacêutico ou seu médico antes de usar o ibuprofeno se você já teve alguma reação alérgica relacionada aos AINEs ou ao ácido acetilsalicílico (aspirina).
Indivíduos que se encaixem em algumas das condições abaixo devem evitar o medicamento:
• Pessoas que tenham úlcera ou gastrite;
• Hipertensos não controlados;
• Pacientes com elevado risco de doenças cardiovasculares, como infarto;
• Indivíduos com doenças hepáticas;
• Pessoas com insuficiência renal ou cardíaca;
• Pacientes em fase pré-operatória (não devem utilizá-lo 48 horas antes da cirurgia);
• Indivíduos com sangramentos presentes;
• Pessoas que fazem uso de anticoagulantes ou antiagregantes plaquetários (remédios que previnem a trombose em pacientes de risco).
Crianças e idosos podem usá-lo?
Sim. Mas como não existem versões diferentes para adultos e crianças, para cada faixa etária é indicada uma forma farmacêutica (suspensão ou comprimidos), além de dosagens específicas que, para serem mais efetivas, deverão ser personalizadas.
No caso de crianças abaixo dos 2 anos de idade, bem como idosos, a dose deve ser orientada por um médico. Neste último caso, há risco de alteração da função renal.
Estou grávida, posso usar ibuprofeno?
Não. O fármaco é contraindicado para grávidas (ou quem esteja tentando engravidar) e lactantes (mulheres que amamentam). A razão para isso é que os AINEs têm sido relacionados a malformações cardíacas e prolongamento do trabalho de parto, especialmente quando usado no terceiro trimestre da gestação.
Portanto, ele deve ser evitado após a 30ª semana de gestação.
Quanto às lactantes, até o momento não existem estudos que comprovem a segurança do uso do medicamento por esse grupo. O conselho dos especialistas é nunca esquecer de dizer ao farmacêutico ou o médico que se está amamentando. Como o ibuprofeno nunca deve ser usado por longo período de tempo, alguns médicos poderão indicá-lo na falta de outras opções.
Qual é a melhor forma de consumi-lo?
Os comprimidos devem ser ingeridos com água ou leite. Evite sucos, bebidas gaseificadas e, em especial, bebidas alcoólicas.
Já a suspensão deve ser administrada diretamente na boca, em gotas. Porém, como o medicamento é amargo, diluí-las em um pouco de água facilita o processo.
Existe uma melhor hora do dia para usá-lo?
Não. O importante é que ele seja ingerido 3 vezes ao dia (a cada 8 horas). Em casos em que é o médico que indica o uso do ibuprofeno, a frequência poderá ser diferente, a depender de sua condição de saúde.
Ao esquecer de tomar o remédio, espere até a hora da dose seguinte e reinicie uso do medicamento. É desaconselhado tomar dois comprimidos (ou gotas em dobro) de uma vez para compensar a dose que foi esquecida.
Se você sempre esquece de tomar seus remédios, use algum alarme para lembrar-se.
Quais são os possíveis riscos e efeitos colaterais?
Embora seja bem tolerado e considerado seguro, o uso do ibuprofeno pode acarretar:
• Dor de cabeça;
• Náusea;
• Tontura;
• Má digestão.
Quando o uso deve ser interrompido?
Por vezes, os efeitos colaterais podem ser mais graves. Interrompa o consumo do medicamento e procure ajuda médica imediatamente se você observar os seguintes sintomas:
• Fraqueza, vômito com sangue, fezes escuras ou com sangue;
• Piora da dor ou dor com duração superior a 10 dias;
• Piora da febre ou duração por mais de 3 dias;
• Agravamento ou continuidade da dor de estômago.
• Dificuldade para urinar;
• Descontrole de pressão arterial.
Como saber se eu sou alérgico ao Ibuprofeno?
Fique atento aos seguintes sinais de reação alérgica: rubor (vermelhidão na pele), inchaço facial, coceira, fechamento de glote. Procure ajuda médica imediatamente.
Interações medicamentosas
O ibuprofeno não combina com alguns medicamentos e eles podem interagir seja reduzindo seu efeito, seja acarretando reações indesejadas. Fique atento se você faz uso contínuo dos seguintes medicamentos:
• Anticoagulantes;
• Outros anti-inflamatórios;
• Antidepressivos – especialmente os inibidores de serotonina;
• Diuréticos;
• Anti-hipertensivos;
• Esteroides;
• Alguns tipos de antibióticos;
• Medicamentos para controle do diabetes.
E atenção, embora até o momento desconhecem-se interações com fitoterápicos, é importante falar com um médico ou farmacêutico antes de usar esse medicamento se você faz uso contínuo deles ou mesmo de suplementos e vitaminas.
Interação com alimentos
Alguns estudos científicos sugerem que os alimentos interferem, mesmo que pouco, na absorção do ibuprofeno, reduzindo a sua concentração na corrente sanguínea.
Contudo, o clínico geral e médico de família Marco Aurélio Janaudis, diretor da Sobramfa – Educação Médica e Humanismo, afirma que o importante é observar o que é melhor para o paciente, adaptando o uso do remédio à sua necessidade.
“Grande parte dos analgésicos e anti-inflamatórios podem causar dores de estômago. Por isso, os pacientes preferem tomar esse tipo de fármaco antes ou após as refeições, para reduzir a chance de desconforto. Nesse caso, priorizamos o que é melhor para o paciente”, diz Janaudis.
Dicas dos especialistas
Ao perceber a presença de um sintoma como dor de cabeça, dor muscular ou febre, por exemplo, aproveite a oportunidade da ida à farmácia para falar com o farmacêutico. Assim, você pode se certificar se, realmente, é o caso de usar este medicamento.
“É importante lembrar que ele é um profissional de nível superior que foi treinado para orientá-lo, identificar possíveis riscos e até encaminhá-lo para um médico, se for o caso”, sugere Danyelle Cristine Marini, diretora do CRF-SP (Conselho Regional de Farmácia de São Paulo).
Em casa, coloque em prática as seguintes dicas:
• Fique atento à validade do medicamento, que é de 24 meses. Considere que, após aberto, essa validade é ainda menor;
• Leia atentamente a bula ou as instruções de consumo do medicamento;
• Ingira os comprimidos inteiros. Evite esmagá-los ou cortá-los ao meio – eles podem ferir sua boca ou garganta;
• Evite o uso prolongado do medicamento, especialmente se você tem gastrite ou úlcera. O tempo máximo de consumo é de 5 dias. A exceção é a indicação médica de uso prolongado. Caso não haja melhora do sintoma, é preciso investigar. Procure um médico sem demora;
• Prefira comprar remédios nas doses justas para o uso indicado para evitar sobras;
• Respeite o limite da dosagem diária indicada na bula;
• Escolha um local protegido da luz e da umidade para armazenamento. Cozinhas e banheiros não são a melhor opção. A temperatura ambiente deve estar entre 15°C e 30°C;
• Guarde seus remédios em compartimentos altos. A ideia é dificultar o acesso às crianças;
• Procure saber quais locais próximos da sua casa aceitam o descarte de remédios. Algumas farmácias e indústrias farmacêuticas já têm projetos de coleta;
• Evite descarte no lixo caseiro ou no vaso sanitário. Frascos vazios de vidro e plástico, bem como caixas e cartelas vazias podem ir para a reciclagem comum.
O Ministério da Saúde mantém uma cartilha (em pdf) para o Uso Racional de Medicamentos: leia e informe-se.
Fontes consultadas: Fernanda Cristina Ostrowski Sales, farmacêutica, bioquímica, mestre em Tecnologia em Saúde pela PUC-PR (Pontifícia Universidade Católica do Paraná) e docente atuando na disciplina de Farmacologia dos cursos de Medicina, Farmácia e Odontologia da mesma instituição; Danyelle Cristine Marini, diretora do CRF-SP (Conselho Regional de Farmácia de São Paulo) (tesoureira), professora do curso de Medicina na Unifae (Centro Universitário das Faculdades Associadas de Ensino/São João da Boa Vista) e nas Faculdades Integradas Maria Imaculada (Mogi Guaçu); Marco Aurélio Janaudis, clínico geral e médico de família, diretor da Sobramfa (Educação Médica e Humanismo). Revisão técnica: Danyelle Cristine Marini
Referências: Ministério da Saúde; Cartilha para a promoção do uso racional de medicamentos. Ministério da Saúde. 2015; FDA (Food and Drug Administration); Rabia Bushra and Nousheen Aslam. An Overview of Clinical Pharmacology of Ibuprofen. OMJ. 2010; Vincent Trung H. Ngo; Tushar Bajaj. Ibuprofen. Stat Pearls. NCBI. 2019
Fonte: Viva Bem/UOL