O Brasil vive um cenário alarmante com relação aos casos de dengue. São mais de 500 mil notificações, conforme o Ministério da Saúde. No entanto, o Ceará tem ido na “contramão” do cenário visto nacionalmente. Com isto, surge o questionamento: por que o estado tem poucos casos de dengue comparado ao Brasil?
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O número de casos notificados de dengue caiu de 429 para 22 desde o último dia 28 de janeiro, conforme dados da Secretaria da Saúde divulgados no Integrasus. Antonio Lima Neto, secretário Executivo de Vigilância em Saúde da Sesa, explicou quais fatores contribuem para esse cenário.
“O que tem acontecido, pelo menos nos últimos oito ou dez anos, é que a transmissão de dengue no Ceará (praticamente em todo o Nordeste) tem se mantido baixa em relação à série histórica”, comentou.
Ele disse que o cenário se tornou mais evidente após a pandemia de Covid-19, com vários casos de epidemias vistos no Centro-Sul do Brasil. Uma das causas prováveis é a expansão do mosquito Aedes aegypti para outros estados ligada ao aquecimento global.
“Durante muitos anos, estivemos solitários nessa situação. O Nordeste era onde praticamente se tinha exclusivamente epidemia de dengue; às vezes, com Rio de Janeiro ou Goiás”, lembrou o secretário
Atualmente, os tipos 1 e 2 de dengue são os que estão em maior circulação. Ambos já causaram epidemias no Ceará, o que contribui para o baixo número de casos no estado, uma vez que a infecção causa, posteriormente, imunidade à pessoa infectada. O secretário, no entanto, disse que não se deve falar em imunidade de rebanho ou coletiva.
“Mas aqui tem uma fração maior da população que não pode ter a doença, em comparação com o resto do Brasil, porque a população já teve [a dengue desses tipos]”, explicou.
Antonio comentou que a última pesquisa, feita em janeiro, que avaliou a quantidade de larvas nas residências cearenses mostrou um cenário de pouca infestação.
“Isso pode mudar porque começou a chover mais, pode aumentar a infestação. Querendo ou não, pode aumentar os casos”, destacou.
Dengue no Brasil
O Brasil registrou nas quatro primeiras semanas de 2024 mais de 217 mil casos de dengue, segundo dados atualizados pelo Ministério da Saúde nesta terça-feira (30). O número é mais que o triplo de notificações do mesmo período em 2023: 65.366.
Os números incluem o volume de casos confirmados e prováveis, ou seja, que ainda estão em investigação, em todos os estados, de janeiro até 12 de fevereiro.
Também foram confirmadas 75 mortes pela doença. Outras 217 estão em investigação.
Os casos de dengue são quase quatro vezes mais do que os registrados no mesmo período de 2023. À época, foram 128,8 mil notificações.
Considerada pelo ministério como a arbovirose urbana mais prevalente nas Américas, principalmente no Brasil, a dengue é transmitida pela picada da fêmea do mosquito Aedes aegypti.
O que é essencial saber sobre a dengue:
• O vírus da dengue é transmitido pela picada da fêmea do mosquito Aedes aegypti infectado e possui quatro sorotipos diferentes – todos podem causar as diferentes formas da doença;
• Todas as faixas etárias são igualmente suscetíveis à doença, porém as pessoas mais velhas e aquelas que possuem doenças crônicas, como diabetes e hipertensão arterial, têm maior risco de evoluir para casos graves e outras complicações que podem levar à morte;
• Os principais sintomas são: febre alta (acima de 38°C), dor no corpo e articulações, dor atrás dos olhos, mal-estar, falta de apetite, dor de cabeça e manchas vermelhas no corpo. A forma grave da doença inclui dor abdominal intensa e contínua, náuseas, vômitos persistentes e sangramento de mucosas;
• A dengue hemorrágica, forma mais grave da doença, é mais comum quando a pessoa contrai o vírus pela segunda vez;
• Ao apresentar os sintomas, é importante procurar um serviço de saúde para diagnóstico e tratamento;
• Como evitar a dengue? O mais importante é não deixar água parada e acumulando por aí: o mosquito pode usar como criadouros grandes espaços, como caixas d’água e piscinas abertas, até pequenos objetos, como tampas de garrafa e vasos de planta.
Por Samuel Pinusa
Fonte: g1 CE