A jornalista e colunista de política Cristiana Lôbo morreu nesta quinta-feira (11), em decorrência de um mieloma múltiplo. Ela tinha 64 anos e estava internada no hospital Albert Einstein, em São Paulo.
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O que é?
O mieloma múltiplo é um tipo de câncer da medula óssea, que afeta os plasmócitos, glóbulos brancos que ajudam a proteger nosso organismo contra infecções. Produzidos na medula óssea a partir da transformação dos linfócitos B, os plasmócitos fabricam as imunoglobulinas, anticorpos que combatem vírus e bactérias.
“É um tipo de câncer da medula óssea que pode ter um comportamento muito diferente, dependendo do tipo de paciente. Ele pode ser muito agressivo ou o paciente pode conviver com o câncer sem tratamento nenhum por muito tempo”, explica Fernanda Lemos Moura, médica onco-hematologista do A.C.Camargo Cancer Center, em São Paulo.
A doença surge justamente a partir de alterações no processo de formação dos plasmócitos. Devido à mutação de um ou mais genes, começam a ser produzidas células defeituosas. Em vez dos anticorpos necessários para garantir a saúde do nosso corpo, elas geram imunoglobulinas anormais, chamadas proteínas monoclonais ou proteínas M.
Os plasmócitos doentes podem se acumular dentro ou fora da medula óssea, formando os plasmocitomas, lesões que interferem no funcionamento das células saudáveis do sangue e podem danificar a estrutura óssea, inclusive provocando fraturas.
Os cânceres hematológicos (das células do sangue) são mais raros – dentre eles, o mieloma múltiplo corresponde a 10% dos casos e 1% de todos os tipos de câncer. No exterior, a doença costuma afetar, principalmente, pessoas com mais de 60 anos.
No Brasil, muitos pacientes têm em torno de 40 a 45 anos, explica Fernanda Lemos Moura, mas a médica também pontua que não há um registro de dados no país de pacientes com mieloma múltiplo.
“Não tem estudo epidemiológico da doença. Os cânceres hematológicos são mais raros, então é difícil ter essa documentação no Brasil”, afirma.
Sinais e sintomas do mieloma múltiplo
Segundo informações do A.C.Camargo Cancer Center, a doença não costuma apresentar sintomas em seus estágios iniciais, o que dificulta o diagnóstico nessa fase. Nas manifestações sintomáticas podem ocorrer:
• Fraturas
• Dor nos ossos
• Fadiga ou cansaço
• Infecções
• Anemia
• Palidez
• Perda de peso
Causas e diagnóstico
O mieloma não tem uma causa específica, não existe um fator de risco específico. Por isso, não há como prevenir o desenvolvimento desse câncer.
“Não é como um câncer de pulmão, que está relacionado ao tabagismo. Em 99% dos casos é esporádico. Não tem relação com nenhuma atividade ou exposição”, explica Fernanda Lemos Moura.
Como a doença costuma não provocar sintomas, é difícil conseguir o diagnóstico precoce. A suspeita de mieloma múltiplo surge a partir do resultado de um hemograma, um exame de rotina, que aponta alterações em células importantes do sangue.
Tratamento
Fernanda Lemos Moura, do A.C. Camargo, diz que nem todos os pacientes recebem tratamento. Isso porque a doença não tem cura, apenas controle.
“Se é uma doença que não tem cura, só controle, se o paciente não tem sintomas nem critério de tratamento, a gente não precisa tratar todo mundo”, explica.
Apesar de ser um tipo de câncer com o qual o paciente pode conviver por muito tempo sem sintomas, a tendência é que a doença evolua em algum momento, diz Moura.
“Inevitavelmente, todo mieloma vai precisar de tratamento. Uma vez que começa o tratamento, é praticamente contínuo”, pontua a onco-hematologista.
O tratamento consiste em quimioterapia e imunoterapia, para “limpar” a medula do paciente. Depois disso, ele passa por um transplante com células da sua própria medula (o chamado autotransplante). Esse transplante serve para aumentar o tempo que o paciente vai ter sem precisar de um novo tratamento.
Diferente de outros cânceres de medula – como as leucemias, por exemplo – o transplante de medula de outra pessoa (o chamado transplante alogênico) não é uma opção de tratamento para o mieloma múltiplo.
Fernanda Lemos Moura explica, entretanto, que, apesar de não ter cura, o mieloma é um dos tipos de câncer com mais novas drogas em estudo e aprovadas nos últimos 15 anos.
“Hoje, o paciente com mieloma vive muito mais do que vivia há 10, 15 anos. Tenho pacientes que correm, jogam tênis, apesar do diagnóstico, do tratamento”, diz.
Para definir a melhor estratégia de tratamento, são levados em consideração diversos fatores – como a quantidade de plasmócitos anormais encontrados, a agressividade do câncer e se há ou não outras doenças associadas.
Fonte: g1