Muito se fala sobre a importância de mantermos hábitos saudáveis, seja para prevenir doenças ou amenizar seus efeitos. Mas, sabia que existe uma relação entre a alimentação e o câncer de mama? Apesar de a doença ser multifatorial, estudos da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FM- USP) e da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, publicado em abril de 2019, aponta que cerca de 27% dos casos no Brasil poderiam ser evitados com a prática de exercícios físicos e uma alimentação balanceada.
A nutricionista Jamile Tahim explica que essa relação funciona pelos estímulos fisiológicos que determinados alimentos causam no organismo. “Cada pessoa responde de maneira diferente e o consumo, a longo prazo, de alguns alimentos pode desencadear uma resposta diante de marcadores biológicos individuais”. Jamile acrescenta que essas mutações são geradas quando “acordadas” por fatores como sedentarismo, má alimentação, exposição à radiação e outros.
Alerta
A categoria dos alimentos ultraprocessados entra na lista do que deve ser evitado. Os chamados alimentos inflamatórios, a exemplo das frutas em calda, presunto, salsicha e biscoitos, devem ser dispensados ao máximo, já que passam “por métodos de processamento e são adicionados de ingredientes artificiais, sem o propósito de nutrir, como sódio, açúcar ou adoçantes não naturais, óleos e gorduras trans”, aponta a nutricionista.
Esses alimentos podem gerar a obesidade, outro fator de risco, pois o aumento da gordura provoca alterações hormonais e causam um estado inflamatório crônico no organismo, gerando maior proliferação celular, característica do câncer.
“Essa gordura visceral em excesso acaba por propiciar a progressão e o surgimento de vários tipos de doença”, alerta a mastologista Paulla Vasconcelos.
Outro alerta da nutricionista Jamile é com relação ao consumo de alimentos com agrotóxicos, que são altamente prejudiciais à saúde. Por isso, é importante realizar a higienização adequada de frutas e hortaliças antes de armazená-las, isso quando não for possível optar pelos orgânicos.
Além desse cuidado, a nutricionista Daiane Queiroz recomenda o controle no consumo de carnes vermelhas e de carboidratos simples como arroz branco e macarrão.
A escolha da alimentação, no entanto, não é a única ação a ser monitorada. Jamile e Daiane alertam também para o consumo em excesso de bebidas alcoólicas e o tabagismo. “Sabendo que a idade é um fator de risco, além da hereditariedade da doença, também é preciso monitorar outras questões que dependem dos nossos hábitos”, acrescenta Jamile.
Indicação
Por isso, a orientação das profissionais é de optar por alimentos mais naturais, especialmente os que possuem efeitos anti-inflamatórios, antioxidantes e os imunomoduladores, que atuam diretamente no sistema imunológico. “Assim é possível relacionar o consumo de alimentos funcionais para prevenir a doença e minimizar os danos ao longo do tratamento, bem como auxiliar no efeito terapêutico de inibição da progressão do problema”, reforça Jamile.
Portanto, é indicado o consumo de linhaça, peixes, chia, nozes, ovos, iogurte natural integral, uvas roxas, tomate, goiaba, maçã, cacau, cúrcuma longa, gengibre, alho e cebola.
Entram também nessa lista os legumes como a cenoura, a couve-flor, o espinafre e a berinjela. Na lista do que deve ser evitado estão os que possuem amido na sua composição, como a batata inglesa e a mandioca.
No consultório, as nutricionistas buscam detalhar informações como o histórico familiar e o de doenças pregressas, investigar hábitos alimentares, avaliar o estado nutricional e compreender as particularidades de cada paciente. “A partir de todo esse levantamento dos dados essenciais é que se torna possível elaborar estratégias nutricionais que contemplem as principais demandas de saúde”, explica Jamile.
Além da alimentação, a manutenção de uma rotina de exercícios físicos é uma grande aliada na prevenção. Dra. Paulla explica que a prática constante de tais atividades equilibra as taxas hormonais, diminuindo inclusive a quantidade de estrogênio. Esse hormônio em desequilíbrio com a progesterona pode ser uma das causas do câncer de mama.
Além de prevenir o câncer de mama, manter hábitos saudáveis regulares são fundamentais para o bom funcionamento por completo do organismo. Fazer escolhas e repensar o estilo de vida podem ser determinantes nesse caminho.
Por Lívia Carvalho
Fonte: Diário do Nordeste