A dor de cabeça é uma experiência quase universal. Se você nunca sentiu, pode ser muito jovem ou parte de um grupo bastante raro. Conhecida no meio médico como cefaleia, essa condição está entre as queixas mais comuns nos consultórios. Apesar de, na maioria dos casos, não representar risco grave, nem toda dor de cabeça deve ser ignorada.
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Especialistas alertam que, em algumas situações, a cefaleia pode ser o primeiro sinal de um problema neurológico mais sério, como hemorragias cerebrais, tumores ou doenças infecciosas.
⚠️ Quando a dor de cabeça é um sinal de alerta?
Embora as cefaleias primárias — como a tensional e a enxaqueca — sejam as mais frequentes e geralmente benignas, é essencial reconhecer mudanças no padrão da dor ou o surgimento de sintomas associados, que podem indicar condições mais graves.
Confira os principais sinais de alerta:
• “Pior dor de cabeça da vida”: súbita, intensa e diferente de tudo que já se sentiu. Pode indicar ruptura de aneurisma ou hemorragia;
• Dor após trauma craniano, mesmo leve;
• Febre alta, rigidez no pescoço e confusão mental, que sugerem infecções no sistema nervoso;
• Alterações na visão, como visão dupla ou perda de campo visual;
• Fraqueza nos braços ou pernas;
• Dificuldade para falar ou perda de coordenação motora;
• Mudanças de personalidade;
• Náuseas matinais persistentes com dor progressiva, indicando possível aumento da pressão intracraniana.
Em todos esses casos, a recomendação é buscar avaliação médica especializada com urgência.
🧪 Diagnóstico cada vez mais preciso
Com os avanços da medicina, hoje é possível investigar cefaleias com grande precisão, por meio de exames como:
• Tomografia computadorizada (TC) e ressonância magnética (RM);
• RM funcional e tractografia, que avaliam o funcionamento cerebral em tempo real;
• Angiografia por RM, capaz de detectar aneurismas e outras alterações vasculares;
• Punção lombar e exames de pressão intracraniana, hoje feitos com técnicas minimamente invasivas.
Esses exames ajudam a confirmar ou descartar causas graves e também a orientar o tratamento mais adequado.
🔬 Tratamentos modernos e menos invasivos
Se o diagnóstico indicar a necessidade de intervenção, a neurocirurgia moderna oferece diversas opções menos invasivas do que no passado:
• Cirurgias endoscópicas, com acesso por pequenas incisões ou até pelo nariz, como no caso de tumores da hipófise;
• Cateterismo cerebral e radiocirurgia para doenças vasculares;
• Sistemas modernos de derivação com válvulas programáveis para tratar hidrocefalia ou hipertensão intracraniana.
Segundo especialistas, nem todo paciente que procura um neurocirurgião precisa ser operado. Em muitos casos, a consulta serve para esclarecer dúvidas e propor tratamentos clínicos eficazes — inclusive para enxaqueca crônica.
🧩 Cada caso é único
O sucesso do tratamento depende não só do diagnóstico, mas da abordagem personalizada. “Duas pessoas com a mesma condição podem precisar de tratamentos diferentes. O segredo está em avaliar com cuidado, individualmente”, afirmam neurocirurgiões.
Apesar da tecnologia disponível nos grandes centros médicos do Brasil, há desafios na formação médica e na cultura do paciente, que muitas vezes minimiza sintomas ou busca exames desnecessários sem indicação clínica.
A dor de cabeça não deve ser subestimada quando foge do padrão habitual ou vem acompanhada de sinais neurológicos. Procurar ajuda especializada pode prevenir complicações graves e, mesmo em casos menos sérios, melhorar a qualidade de vida com tratamentos modernos e individualizados.
Melhor investigar do que conviver com a incerteza.
Por Mirta Lourenço. Médica e colunista do Revista Cariri










