Os perigos de beber e dirigir já são bem conhecidos. Agora, um estudo feito por um grupo de cientistas australianos mostra que, se você tiver dormido mal, também não deveria pegar o volante.
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Uma pesquisa de 2021 apontou que entre 10% e 20% dos acidentes de trânsito provavelmente eram causados, ao menos em parte, pelo cansaço. Buscando alternativas para diminuir esse número, os pesquisadores australianos avaliaram as evidências científicas de estudos de laboratório e de campo para determinar quantas horas de sono você precisaria para dirigir com segurança.
Os novos achados, publicados na revista Nature and Science of Sleep este ano, mostram que dormir por menos de 4 ou 5 horas nas 24 horas anteriores praticamente dobra o risco de um acidente. O risco é o mesmo observado em motoristas com 0,05% de álcool no sangue.
Efeitos do álcool (e do sono)
Quando o Código de Trânsito Brasileiro (CTB) surgiu, em 1997, essa era a “tolerância máxima” para beber e dirigir. Motoristas pegos com mais de 0,06% de álcool no sangue recebiam uma infração gravíssima. A multa era multiplicada por cinco, o direito de dirigir do motorista era suspenso e seu veículo recolhido. Com a Lei Seca em 2008, essa tolerância passou a ser de 0%. Nada de álcool e volante, nem mesmo um pouquinho.
De 0,01% a 0,05% de álcool costuma ser suficiente para a pessoa ficar só “felizinha”. Os músculos ficam mais relaxados e ela sente mais vontade de falar e socializar. A partir desse nível, ela já começa a apresentar problemas em tomar decisões e fica menos alerta. Acima de 0,08% ela já pode ter dificuldade em focar e apresentar reações mais lentas.
Os cientistas sintetizaram 61 estudos para chegar à conclusão: dirigir com menos de cinco horas de sono é tão perigoso quanto dirigir bêbado. Além disso, o risco de acidente aumenta significativamente com cada hora de sono perdida na noite anterior. Alguns estudos sugerem que, quando o motorista havia dormido de zero a quatro horas na noite anterior, ele era 15 vezes mais suscetível a uma batida.
Como controlar?
Diferente de um happy hour depois do serviço, as pessoas não costumam escolher dormir menos. Pessoas com distúrbios no sono, pais de recém-nascidos e trabalhadores de turnos noturnos podem, às vezes, não conseguir dormir a quantidade necessária por dia.
Seria difícil controlar o nível de sono dos motoristas. Não existe um “teste de bafômetro” que avalie a fadiga na beira da estrada, o quanto você dormiu ou quão debilitado está.
Alguns regulamentos já levam em conta o cansaço no trânsito. No estado americano de Nova Jersey, uma lei determina que motoristas são legalmente prejudicados se, nas últimas 24 horas, não tiverem dormido nada. Não é o ideal, mas é alguma coisa.
No Brasil, não há uma especificação sobre o sono; mas, segundo o art. 169 do CTB, dirigir sem atenção ou cuidados indispensáveis à segurança caracteriza uma infração leve e, para o art. 166, entregar a direção do veículo a alguém que não esteja em estado físico ou psíquico de conduzir é infração gravíssima.
Como saber se você deve dirigir
Já que a legislação não dá conta de regular esse tema, é útil seguir alguns conselhos práticos para decidir se você está ou não cansado demais para dirigir.
Se você boceja com frequência, dá umas piscadas mais longas, está com a visão embaçada, tem dificuldade de manter a cabeça erguida e a velocidade estável, e faz desvios na pista, talvez seja melhor passar o volante. E se você dormiu por menos de cinco horas, talvez seja melhor nem arriscar.
Fonte: Superinteressante