Talvez você não saiba exatamente o que são anti-inflamatórios não esteroides (AINEs). No entanto, é bem possível que você já tenha consumido por conta própria ou até recomendando para um parente medicamentos como ibuprofeno e diclofenaco.
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Pois bem, tanto um quanto o outro são categorizados como AINEs. E ambos são largamente usados para tratar inflamação e dor, especialmente porque podem ser adquiridos sem receita.
O “porém” é que pesquisas envolvendo os anti-inflamatórios não esteroides indicaram que eles podem aumentar suas chances de ter um ataque cardíaco, mesmo que você nunca tenha tido problemas de coração antes. Obviamente, os riscos aumentam para quem já tem alguma condição que afete a saúde do coração.
O que dizem os estudos
Já faz um bom tempo que pesquisadores da área médica têm realizado estudos envolvendo os AINEs. Muitos deles apontavam para alguma relação entre esses medicamentos e problemas cardiovasculares. Contudo, em 2017, uma equipe do Hospital Universitário Aarthus, na Dinamarca, decidiu avaliar mais a fundo essa questão. E os resultados não foram nada animadores.
Segundo os dados levantados pelos pesquisadores, os AINEs, especialmente o diclofenaco, estão associados a riscos aumentados de derrames e ataques cardíacos em comparação com pessoas que usam outros tipos de analgésicos e anti-inflamatórios.
Os pesquisadores analisaram dados de pacientes que receberam a recomendação médica para tomar diclofenaco por um período mínimo de um ano e de forma contínua. Então, eles compararam as informações desses pacientes com aquelas de pessoas que tomaram outros medicamentos, bem como com os de um grupo de pessoas que não usaram nenhum remédio para dor.
O levantamento dos pesquisadores dinamarqueses considerou dados obtidos entre 1996 e 2016. Além de um período de análise tão extenso, quase 30 mil pessoas participaram do estudo. Conforme os resultados, 28.947 indivíduos sofreram um infarto fora do hospital no decorrer de uma década. Desse número, 3.376 receberam tratamentos a base de AINEs cerca de um mês antes da ocorrência do ataque. Os AINEs mais utilizados por eles foram o ibuprofeno e o diclofenaco.
O diclofenaco é decomposto especialmente pelo fígado e, assim como o paracetamol, seus efeitos negativos sobre esse órgão também já eram conhecidos. No entanto, foi a partir do relatório dinamarquês que a comunidade médica mundial começou a entender melhor a ligação direta entre os AINEs e a saúde do coração.
Falsa segurança
O Gunnar H. Gislason, um dos responsáveis pelo estudo citado, por ocasião da apresentação dos resultados chegou a comentar que permitir que medicamentos como ibuprofeno e diclofenaco sejam comprados sem receita passa à população uma falsa imagem de que são seguros e de que, por isso mesmo, podem ser consumidos à vontade.
Ainda segundo o professor, nenhuma pessoa deveria tomar mais de 1.200 mg de ibuprofeno por dia. O diclofenaco, por ter mais riscos, deveria ser evitado pela população em geral e, especialmente, por pacientes com alguma doença cardíaca.
Segundo o especialista, além de exigir receitas, a ciência deveria estar buscando por opções mais seguras. No entanto, estamos em 2022 e quase nada mudou, ao menos no Brasil. Nem receitas, nem pesquisas mais sólidas sobre novos medicamentos que poderiam substituir os AINEs foram realizadas nos últimos anos.
O diclofenaco, por exemplo, continua sendo largamente usado por crianças, seja por recomendação médica ou dado aos filhos pelos pais sem nenhuma prescrição para qualquer dor ou inflamação.
Fonte: Mega Curioso