Sete décadas após ter sido descrito pela primeira vez, o diabetes tipo 5 foi oficialmente reconhecido pela comunidade médica e científica. A validação foi publicada nesta quarta-feira (17) em um artigo no prestigiado periódico The Lancet Global Health, consolidando a existência dessa forma da doença, que pode atingir pelo menos 25 milhões de pessoas no mundo.
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Em janeiro deste ano, 39 especialistas internacionais reuniram-se em Vellore, no sul da Índia, para debater a condição. O encontro resultou na chamada Declaração de Vellore, divulgada em abril durante o Congresso Mundial do Diabetes, na Tailândia. O documento atesta, de forma inédita, que o diabetes tipo 5 é uma entidade clínica distinta.
“A Declaração de Vellore apela à comunidade internacional de diabetes para que reconheça formalmente esta entidade negligenciada, que provavelmente afeta a qualidade e a longevidade de milhões de pessoas em todo o mundo”, afirmam os autores.
Agora, o novo consenso traz evidências clínicas, padrões observados em pacientes e lacunas que ainda precisam ser preenchidas.
O que é o diabetes tipo 5?
Descrita inicialmente em 1955, a doença afeta, sobretudo, pessoas com histórico de desnutrição severa nos primeiros anos de vida. Geralmente, os pacientes são jovens, abaixo do peso (IMC inferior a 18,5) e com registro de desnutrição intrauterina.
A OMS chegou a reconhecer, em 1985, a existência de um “diabetes associado à desnutrição”, mas retirou o termo em 1999, alegando falta de evidências. Pesquisas recentes, porém, comprovaram que se trata de um quadro singular, diferente do tipo 1 e do tipo 2.
Diferenças principais
📍 Em relação ao tipo 1: pacientes com diabetes tipo 5 não apresentam níveis tão baixos de insulina quanto os do tipo autoimune.
📍 Em relação ao tipo 2: apesar de terem secreção de insulina prejudicada, mantêm sensibilidade normal à substância, o que não ocorre no tipo 2.
📍 Condição social: a doença está ligada, em grande parte, a pessoas de áreas rurais e baixa renda, com dietas pobres em proteínas e calorias.
Por que tipo 5?
A nova classificação é a terceira reconhecida oficialmente desde os tipos 1 e 2. Antes, já haviam sido sugeridos:
• Tipo 3: associado à resistência cerebral à insulina, relacionada a quadros de Alzheimer e declínio cognitivo.
• Tipo 4: vinculado ao processo natural de envelhecimento.
Próximos passos
Os cientistas agora pedem maior engajamento de órgãos internacionais, como a Federação Internacional de Diabetes (IDF) e a Organização Mundial da Saúde (OMS), para ampliar as pesquisas sobre o diagnóstico, a fisiologia e o tratamento do diabetes tipo 5.
Por Nicolas Uchoa










