A diabetes durante a gravidez causa múltiplas complicações, mas pode ser controlada com uma alimentação adequada, sem cair em privações perigosas, de acordo com um estudo publicado nesta quinta-feira (26) no British Journal of Medicine (BMJ).
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A chamada diabetes “gestacional” está “associada a complicações da gravidez”, explica o informe. Esse distúrbio é diagnosticado por um nível de açúcar no sangue muito alto, que geralmente desaparece após o parto, embora aumente o risco de desenvolver diabetes clássica nos anos seguintes.
É considerado um dos distúrbios mais frequentes em mulheres grávidas, embora seja difícil precisar uma frequência exata devido à falta de consenso sobre o que constitui um excesso de glicose no sangue.
Sua frequência vem aumentando há vários anos, em parte porque o excesso de peso – que favorece a diabetes – está se tornando mais comum.
Quais são os riscos para o bom desenvolvimento da gravidez? E para o próprio bebê? Isso é o que o estudo do BMJ tentou avaliar.
O assunto não é novo, mas o trabalho dirigido pelo pesquisador chinês Fangkun Liu é de grande magnitude e inclui cerca de 150 estudos anteriores em mais de sete milhões de gestantes.
Os pesquisadores puderam confirmar a existência de inúmeros riscos e, principalmente, mostrar concretamente que estão relacionados à própria diabetes e não ao excesso de peso.
Risco de desnutrição
Entre os riscos confirmados estão não apenas a cesariana e o parto prematuro, mas também a pré-eclâmpsia – distúrbio que se manifesta pela hipertensão e pode evoluir para convulsões perigosas – ou peso anormalmente elevado no recém-nascido.
Em algumas mulheres, o tratamento com insulina é necessário.
O estudo menciona riscos particulares para o bebê, como possível desconforto respiratório ao nascer.
No entanto, o trabalho também é tranquilizador em termos de uma eventual morte do recém-nascido.
Os autores observam que “não há diferença aparente” nesta área – ou em risco de aborto espontâneo – entre mulheres com diabetes gestacional e outras mulheres grávidas.
Por outro lado, o risco de desnutrição é particularmente alto em mulheres grávidas. Isso força um equilíbrio difícil para controlar a glicose no sangue sem frustrar as necessidades energéticas.
Daí a importância de consultar médico e nutricionista, ainda que eles próprios careçam de pontos de referência e recorram a abordagens muito diferentes.
Alguns alimentos devem ser proibidos? Refeições divididas para baixar o açúcar no sangue?
Diabetologistas franceses, coordenados pelas nutricionistas Hélène Louvet e Atefeh Nikpeyma, publicaram recomendações detalhadas há algumas semanas.
“Os conselhos dietéticos existentes eram antigos e muito sucintos”, enfatiza Louvet.
As novas recomendações, que obviamente devem ser adaptadas a cada caso, procuram evitar ao máximo alterar a dieta da paciente.
Não recomendam absolutamente proibir qualquer alimento açucarado, embora logicamente deva ser limitado, ou fracionar as refeições. No entanto, esta continua a ser uma possibilidade dependendo da evolução da glicemia.
É necessário “ter em conta as situações particulares decorrentes da gravidez, mas também as diversas dificuldades (hábitos alimentares, gostos, situação social, financeira, profissional e organizacional etc.) da paciente”, resume este trabalho.
Fonte: AFP