Mesmo fora do grupo de risco da Covid-19, as crianças ainda podem apresentar sintomas da doença causada pelo novo coronavírus. No Ceará, segundo dados do Portal Integrasus divulgados nesta sexta-feira (3), 12 crianças, entre 0 e 9 anos, estão contaminadas. Contudo, conforme alerta o infectologista pediátrico cearense Robério Leite, “as crianças desenvolvem, geralmente, sintomas mais leves, mas podem se tornar vetores da Covid-19”.
O Ceará já registra 22 óbitos e 658 casos de coronavírus, conforme a mais recente atualização da Secretaria da Saúde do Estado (Sesa), desta sexta-feira.
Sobre as queixas mais recorrentes em crianças, as pesquisas existentes até agora sobre a doença mostram que elas apresentam sintomas brandos: “pode ser de um simples resfriado, como coriza e um pouco de tosse ou casos assintomáticos”, especifica o médico.
“O que preocupa nesses casos brandos é a transmissão. As crianças, normalmente, já são as principais transmissoras das infecções respiratórias gerais. Aí vem a importância de manter a suspensão de aulas nas escolas, pois quando infectadas, é mais fácil contaminar os grupos de risco”, alerta Robério Leite.
Apesar disso, o especialista não descarta casos mais graves, principalmente nas menores de um ano de idade. “Podem surgir casos mais graves com febre e dificuldade respiratória, que requerem um cuidado médico. Observando o boletim epidemiológico da Secretaria de Saúde do Estado (Sesa), percebemos a incidência em menores de um ano. Então, podemos dizer que, quanto mais nova a criança, menor a capacidade de combater um vírus da natureza do coronavírus”, esclarece.
Já as crianças com comorbidades, como asma, diabetes e obesidades, se enquadram no grupo de risco da Covid-19 para os pediatras, segundo o infectologista. “São crianças mais propensas a complicações. Porém, ainda não temos dados epidemiológicos firmes de que o que está válido para os adultos também se aplica aos menores. A nossa orientação, como pediatra, é considerar essas crianças com comorbidades como grupo de risco para complicações da Covid-19”, pontua.
Em caso de sintomas leves, a recomendação médica é não levar as crianças para o hospital, “até mesmo porque a gente não tem certeza que essa criança resfriada esteja com a Covid-19. Ela pode, inclusive, adquirir a doença no atendimento de emergência”, pondera o médico.
“A gente recomenda que apenas as que estejam com quadro clínico de gravidade, representado, principalmente, pela falta de ar ou cansaço muito prostrado ou que os sintomas não tendem a melhorar devem, sejam levadas para avaliação médica nas emergências”, considera.
Recomendação
A principal orientação, neste momento, é evitar aglomerações com as crianças. “Esse é um momento de isolamento social. As crianças não devem brincar com outras fora da sua residência, não devem ir para parquinhos ou para a praia. Precisamos entender que a cada exposição fora na nossa casa, a cada saída que se faz, estamos aumentando o risco de exposição e desenvolvimento da doença, mesmo que a gente saiba que as crianças, no momento, são grupos de menor risco de complicação de um modo geral. Porém, nada impede que essa doença, individualmente, afete de maneira grave e possa levar inclusive uma criança a morte”, finaliza Robério Leite.
Por Sabrina Souza
Fonte: G1 CE