Dois aviões da FAB (Força Aérea Brasileira) partiram por volta das 12h20 desta quarta-feira (5) da Base Aérea de Brasília com destino a Wuhan, na China, para resgatar brasileiros na cidade, que está isolada. O local é o epicentro do surto mundial de coronavírus, considerado emergência sanitária pela OMS (Organização Mundial de Saúde).
As aeronaves devem chegar à China na sexta-feira (7). Lá, buscarão um grupo de ao menos 34 brasileiros e familiares deles, incluindo sete crianças. Como a cidade está em quarentena, foi necessário obter autorização do governo chinês para retirar os brasileiros de lá — a expectativa da FAB é que em uma hora no máximo, após o pouso, os brasileiros estejam embarcados.
Cada avião levará uma equipe de sete médicos — seis deles militares do Instituto de Medicina Aeroespacial da FAB e um do Ministério da Saúde. Os resgatados de Wuhan voltarão de máscara como precaução, segundo o governo.
Eles farão escala em Fortaleza (CE) e em Las Palmas, nas ilhas Canárias, território da Espanha no oceano Atlântico. De lá, seguirão para Varsóvia, na Polônia, e Urumqi, na China. A tripulação deve chegar a Wuhan na sexta-feira (7) e estar de volta ao Brasil na madrugada de sábado. Os aviões contam com 30 lugares cada um.
Segundo o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta (DEM), só entrarão na aeronave os que tiverem condições clínicas para isso. Eles deverão ser examinados antes de embarcarem de volta ao Brasil.
O destino final dos aviões será a base aérea de Anápolis (GO), a 150 quilômetros de Brasília. Lá, o grupo de brasileiros resgatados e a tripulação do avião ficarão em quarentena por 18 dias. Eles deverão se submeter a exames e acompanhamento médico constante durante esse período.
Outras duas aeronaves Legacy fazem que fazem parte da missão para retorno do grupo partiram ontem levando tripulações de revezamento. Esses aviões devem ficar em Varsóvia para troca de equipes de tripulação — dessa forma, a viagem deve ocorrer sem paradas para descanso.
Brasil não tem nenhum caso confirmado da doença
O objetivo da quarentena é evitar a propagação do coronavírus. O Brasil não teve nenhum caso confirmado até hoje —até ontem eram 13 casos suspeitos. Ainda assim, decretou emergência em saúde pública para facilitar a operação de resgate dos brasileiros em Wuhan.
O ministro da Saúde, Henrique Mandetta, disse que o governo gastará R$ 150 milhões para compra de EPIs (Equipamento de Proteção Individual) como medida de segurança para prevenção de casos de coronavírus. O material será distribuído para profissionais de saúde do país que estiverem em contato com casos suspeitos da doença.
“Poderia gastar R$ 80 milhões para o mínimo, R$ 150 milhões para o intermediário e quase R$ 500 milhões para o risco de epidemia generalizada. Eu, pelo meu princípio, falei, ‘vamos fazer o intermediário'”, disse.
Ele esteve na Câmara para apresentar a deputados o balanço de medidas adotadas contra a epidemia da doença.
Mandetta vai fazer, durante encontro do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) com chefes do Legislativo e do Judiciário, no Planalto, uma demonstração sobre as ações de prevenção e enfrentamento ao coronavírus, segundo apurou o UOL. Um dos pontos abordados será a nova lei da quarentena, que pode ser aprovada ainda hoje no Congresso.
Como será a quarentena
Todas as pessoas trazidas de Wuhan deverão cumprir quarentena de 18 dias, e não 14, como normalmente acontece. A decisão, segundo o ministro Fernando Azevedo e Silva (Defesa), foi tomada por Luiz Henrique Mandetta (Saúde) por segurança.
Ontem, o governo brasileiro encaminhou aos brasileiros da cidade chinesa um questionário com normas sobre o retorno do grupo.
De acordo com o questionário do governo brasileiro, os repatriados ficarão em quartos individuais, exceto em caso de famílias. Eles não terão direito a receber visitas e deverão permitir que sejam feitos exames de seus dados vitais três vezes ao dia.
Também deverão permitir a coleta de amostras respiratórias na chegada ao Brasil e no décimo quarto dia. O governo também frisou que não arcará com a passagem de volta para os brasileiros que quiserem voltar à China.
Fonte: UOL