Uma nova pandemia pode surgir em breve, mas dessa vez causada por superbactérias. O motivo? O uso indiscriminado de antibióticos. O hábito de prescrever desnecessariamente esse tipo de medicamento, e seu uso equivocado por parte dos pacientes, tem gerado mutações mais resistentes.
Atualmente, as infecções bacterianas têm sido as maiores causadoras de mortes pelo mundo. E com a perda de eficácia no combate por meio de antibióticos essa situação tende a se agravar nos próximos anos.
Antibióticos podem criar superbactérias
As bactérias fazem parte da nossa vida e da nossa constituição humana. No nosso corpo, carregamos bactérias que são benéficas para o funcionamento adequado dos nossos órgãos. Entretanto, existem algumas bactérias que nos causam doenças e precisam ser exterminadas.
Para que isso ocorra é necessário recorrer aos antibióticos. Porém, existem bactérias fracas, que são facilmente eliminadas com remédio, e fortes, que resistem aos medicamentos. As que não morrem permanecem no nosso organismo e podem até mesmo proliferar e gerar novas infecções.
Mas por que isso acontece? Existem alguns motivos para esse diagnóstico, mas o principal é o uso descontrolado de antibióticos, tanto em hospitais quanto pela população.
Para adquirir um antibiótico é necessário ter uma receita controlada. A farmácia retém a segunda via da prescrição com o objetivo de gerar um relatório de controle para a Anvisa e demais vigilâncias sanitárias da venda desses produtos. No Brasil, mais de 120 substâncias estão inseridas na lista de antimicrobianos sujeitos à retenção.
Se o uso é interrompido antes do período estipulado, por exemplo, pode acarretar na resistência das bactérias consideradas fortes; tornando-as superbactérias. Se um antibiótico é receitado sem necessidade, também.
Portanto, é muito importante seguir corretamente o uso dos antibióticos e utilizá-los somente quando houver prescrição médica. Já os profissionais de saúde precisam avaliar cautelosamente se é indispensável ou não o seu uso.
Principais ações de controle
Órgãos de saúde do mundo todo já estão cientes desse cenário. Em 2015, durante a Assembleia Geral das Nações Unidas, foi assinada uma declaração para coordenar os países-membros na busca por antibióticos mais eficientes.
Além disso, em 2017, o Brasil lançou o Plano de Ação em Resistência aos Antimicrobianos. Entre as principais medidas estão o incentivo de pesquisas na área – na busca por um medicamento mais potente – e o aumento no controle de prescrições e de uso de antibióticos sem receita médica.
Empresas de medicamentos também estão envolvidas nessa missão. Recentemente, mais de 20 empresas farmacêuticas e de biotecnologia criaram o Fundo de Ação contra a Resistência a Antimicrobianos (AMR). O objetivo é desenvolver de 2 a 4 novos antibióticos até 2030.
Todos esses esforços têm uma grande motivação. O aumento de superbactérias resistentes precisa ser freado, pois projeções mostram que, se nada for feito, mais de 10 milhões de pessoas poderão morrer até 2050. A boa notícia é que ainda dá tempo evitar o pior.
Fonte: Seleções