As medicações são parte crucial dos tratamentos de saúde sejam para as doenças crônicas que exigem o uso contínuo, como diabetes, hipertensão e doença renal, às pontuais, no caso de uma inflamação em que se toma um determinado remédio apenas por alguns dias.
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Na maioria das vezes, as pessoas não leem as bulas, esquecem do horário correto, suspendem a medicação por conta própria, alteram a dosagem, além de fazer uso de outros não prescritos, comprometendo a eficácia e o tratamento.
Se o medicamento for de uso contínuo, recomenda-se ler a bula para saber se pode ser administrado com outros, com alimentos e o melhor horário, por exemplo. Mas, se o remédio for para apenas um curto período, no caso de antibióticos e anti-inflamatórios, basta seguir as orientações passadas pelo médico.
De acordo com Paulo Lisboa Bittencourt, médico, coordenador do serviço de gastroenterologia do Hospital Português, na Bahia, professor na EBMSP (Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública) e ex-presidente do SBH (Sociedade Brasileira de Hepatologia), em caso de dúvidas sobre a posologia, é possível consultar os farmacêuticos nas farmácias ou drogarias. “Eles têm total domínio para prestar esclarecimentos.”
Consultas médicas
Os especialistas aconselham sempre relatar ao médico os remédios usados para ser feita a orientação correta de novos ou, até mesmo, para a retirada de algum com a mesma função.
Comportamentos, hábitos e rotinas devem ser considerados na prescrição, pois impactam, também, a absorção das substâncias medicamentosas.
Nas consultas, os pacientes necessitam ser informados sobre as principais reações adversas e forma de ingestão do medicamento.
“A receita deve conter detalhadamente as instruções de consumo”, esclarece Marco Túlio Cintra, médico geriatra, vice-presidente da SBGG (Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia) e professor da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais).
Como tomar?
A regra geral é ingerir sempre com água. Existem aqueles que interagem com os alimentos e precisam ser tomados em jejum, como é o caso dos para a tireoide.
“Alguns requerem a ingestão com suco ácido, com comidas gordurosas, entre outras”, afirma Claudia Caresatto, docente do curso técnico em farmácia do Senac São Paulo.
Meia-vida
“Cada fármaco possui sua respectiva meia-vida, por isso os intervalos e dosagens são diferentes de um para outro. Ela corresponde ao tempo em que a medicação é absorvida, tem seu efeito ativo para então ser eliminada”, descreve Sonia Ramirez, farmacêutica e líder do grupo temático de trabalho de uso seguro de medicamentos da Sobrasp (Sociedade Brasileira para a Qualidade do Cuidado e Segurança do Paciente).
Meia-vida é o tempo que a droga leva para reduzir sua concentração no sangue à metade, sendo este um dos grandes definidores para sabermos de quanto em quanto tempo a medicação deve ser administrada (dosagem).
Horários
Não tomar o remédio na hora indicada, esquecer uma dose e duplicar na seguinte são situações que devem ser evitadas, pois influenciam no resultado esperado, fazem mal à saúde e, em algumas situações, podem causar intoxicação.
“Cada substância foi estudada para ser administrada em um intervalo e período específicos, mas não são todas que perdem a eficácia, no entanto, algumas têm o efeito farmacológico alterado”, explica André Luiz Alves Brandão, docente do curso técnico em farmácia do Senac São Paulo.
Cintra ressalta que agregar vários medicamentos no mesmo horário é um ponto importante para ser conversado com o médico a fim de que o paciente se engaje no tratamento, evitando o esquecimento e outros equívocos.
Também é preciso prestar atenção para não comprometer o sono. Tomar diuréticos após às 16h provoca idas excessivas ao banheiro à noite. Da mesma forma, é preciso ajustar as horas dos antibióticos, para não ter que acordar no meio da noite para ingerir o comprimido.
Interações com outras substâncias
O uso de vários medicamentos pode resultar em interações medicamentosas, ou seja, um afeta a ação do outro, podendo aumentar ou diminuir ou, até mesmo, anular a eficácia, além de elevar o risco de ter reações adversas ou intoxicações.
As interações medicamentosas são classificadas como leves, moderadas e graves, que podem levar a óbito.
Para exemplificar, se uma pessoa está com anemia e precisa tomar ferro, mas já ingere cálcio, precisará de um intervalo de quatro horas para que um não interfira na absorção do outro.
“A associação de diferentes antigripais com nomes comerciais diferentes, mas com os mesmos princípios ativos, tem como consequência a insuficiência hepática, devido à superdosagem”, descreve Bittencourt.
Já a utilização dos anti-inflamatórios não pode se estender por mais de 5 a 7 dias por comprometerem o funcionamento do fígado e rins, ampliando, ainda, o risco de sangramentos em pacientes que já possuem comorbidades, como problemas renais, hepáticos e coronários.
Ingerir substâncias para o estômago é exclusivo a casos específicos. Na maioria das vezes, principalmente quando é indicado devido à quantidade de outros medicamentos, como antibióticos, não há comprovação.
Combinação perigosa
A ingestão de bebidas alcoólicas é também prejudicial ao organismo e reduz a eficácia da medicação. A interação do álcool com os ansiolíticos, por exemplo, intensifica efeitos como sonolência, pois ambos deprimem o sistema nervoso central.
“É muito frequente pacientes hipertensos ou diabéticos suspenderem medicamentos aos fins de semana para poderem beber, isso é um problema, pois a pessoa não vai ter um controle adequado de suas doenças. O álcool deve ser desaconselhado pelos riscos de vício inerente e aos problemas de saúde devido ao consumo excessivo”, ressalta Cintra.
Riscos da automedicação
Outro alerta que os especialistas fazem é que o uso sem orientação médica representa grande risco à saúde, pois não houve uma avaliação profissional da indicação e assim a pessoa faz a ingestão de algo inócuo que não resolverá o problema.
Além disso, há a interação medicamentosa desse fármaco não prescrito com os outros de uso contínuo. O aviso vale também para os fitoterápicos e chás medicinais que chegam a provocar reações adversas, incluindo o comprometimento da função renal.
“Elas não sabem o risco a que estão sendo expostas e como complicações podem ocorrer com esse tipo de conduta”, fala Cintra.
Fonte: VivaBem/UOL