O Ceará pode ultrapassar 5 mil mortes provocadas pela Covid-19, de acordo com o cientista-chefe de Dados e professor do Departamento de Física da Universidade Federal do Ceará (UFC), José Soares de Andrade Júnior. Do total, 4 mil podem ocorrer em Fortaleza. A informação foi dada no fim da manhã desta quinta-feira (7) durante apresentação de um estudo da prefeitura da capital cearense.
“Nosso modelo prevê uma projeção de aproximadamente 5 mil casos ou mais até o dia 31 de maio, até o final deste mês. É uma preocupação nova. Por isso o lockdown se faz necessário especialmente na cidade de Fortaleza. E outra projeção é que em Fortaleza, até o dia 31 de maio, tenhamos aproximadamente 4 mil casos de óbitos, casos fatais na nossa cidade”, alerta o professor.
As informações foram compartilhadas durante coletiva de imprensa com autoridades da saúde do Estado e do Município.
Sistema de saúde em colapso
Ainda durante a coletiva, segundo o professor, o sistema de Saúde Pública de Fortaleza pode colapsar até 29 de maio. O levantamento aponta que, com o crescimento exponencial de confirmações de casos e óbitos por Covid-19, a partir da segunda quinzena de abril, há a possibilidade real de “elevado risco de colapso” do sistema público de saúde da Capital “nas próximas semanas”.
Ainda de acordo com o estudo dos órgãos competentes, mesmo que ocorra a abertura de novos leitos de Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) específicos para a doença, a exaustão da rede hospitalar pode ocorrer até mesmo antes do dia 29 de maio.
“Se o crescimento de casos ocorrer de forma linear, o número de leitos de UTIs disponíveis não será suficiente para atender à demanda por esse tipo de atendimento, mesmo considerando a expectativa de implantação de novos leitos”, aponta. Os pesquisadores também avaliam que o número de casos, utilizado como base para o cálculo da necessidade de leitos, é “subnotificado por limitações de testagem”.
O levantamento é assinado pelo epidemiologista Antônio Silva Lima Neto, gerente da Célula de Vigilância Epidemiológica da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), e pela doutora em Ciências Médicas, Magda Almeida, secretária executiva de Vigilância e Regulação da Secretaria Estadual da Saúde (Sesa).
Diante da redução da adesão ao isolamento social nos últimos quinze dias, o relatório recomendou a implementação de “medidas restritivas mais austeras”, a fim de diminuir a velocidade de transmissão viral sustentada.
Fonte: G1 CE