O calor extremo tem sido uma realidade cada vez mais frequente no Brasil e no mundo. Em diversas regiões, temperaturas recordes são registradas, impactando a saúde da população e o meio ambiente. Especialistas alertam que essa tendência pode se agravar nos próximos anos devido às mudanças climáticas e destacam a necessidade de ações urgentes para mitigar seus efeitos.
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O cardiologista Eduardo Nogueira explica que o calor excessivo pode sobrecarregar o sistema cardiovascular, aumentando os riscos de infartos e acidentes vasculares cerebrais (AVCs). “Em temperaturas elevadas, o corpo trabalha mais para manter a temperatura interna estável. Isso pode levar à desidratação, queda de pressão e aumento do esforço cardíaco, principalmente em idosos e pessoas com doenças pré-existentes”, alerta o médico.
Além disso, a dermatologista Juliana Ribeiro destaca que a exposição prolongada ao calor extremo pode causar insolação, exaustão térmica e até falência de órgãos em casos mais graves. “A recomendação principal é manter-se hidratado, evitar exposição ao sol nos horários mais quentes e vestir roupas leves”, orienta.

O fator climático e o agravamento do fenômeno
O climatologista Ricardo Vasconcellos aponta que o aumento das temperaturas está diretamente ligado às mudanças climáticas causadas pela ação humana. “A queima de combustíveis fósseis, o desmatamento e a urbanização desenfreada contribuem para o efeito estufa, tornando as ondas de calor mais frequentes e intensas”, explica.
Ele também alerta que o fenômeno El Niño, que aquece as águas do Oceano Pacífico, tem potencializado os eventos de calor extremo em diversas partes do planeta. “Com o El Niño em ação, as temperaturas médias globais sobem, afetando o regime de chuvas e prolongando períodos de seca”, acrescenta.
Medidas de precaução
Diante do cenário preocupante, especialistas recomendam medidas individuais e coletivas para minimizar os impactos do calor extremo. Entre as principais recomendações estão:
• Hidratação constante: ingerir bastante água ao longo do dia;
• Proteção solar: usar protetor solar, óculos escuros e roupas leves;
• Evitar exposição prolongada ao sol: principalmente entre 10h e 16h;
• Ambientes frescos: dar preferência a locais ventilados e climatizados;
• Monitoramento de grupos vulneráveis: idosos, crianças e pessoas com doenças crônicas precisam de atenção especial.
Além das precauções individuais, os especialistas enfatizam que governos e empresas precisam investir em políticas sustentáveis, como a ampliação de áreas verdes nas cidades, a redução da emissão de gases poluentes e o incentivo ao uso de energias renováveis.
“O calor extremo não é mais um evento isolado. Ele faz parte de uma tendência que precisa ser encarada com seriedade, tanto por autoridades quanto pela sociedade”, conclui Dr. Ricardo Vasconcellos.

Impactos ambientais e socioeconômicos
Além dos riscos à saúde, o calor extremo também afeta o meio ambiente e a economia. Segundo a bióloga e especialista em ecossistemas urbanos, Mariana Farias, as altas temperaturas contribuem para o aumento de queimadas e incêndios florestais. “O calor excessivo resseca a vegetação, tornando-a mais vulnerável ao fogo, que pode se espalhar rapidamente e destruir vastas áreas de mata nativa”, explica.
A seca prolongada, intensificada pelas ondas de calor, também reduz os níveis de reservatórios de água, impactando o abastecimento urbano e a produção agrícola. O agrônomo Carlos Menezes alerta para os prejuízos no setor agropecuário: “O estresse térmico afeta plantações e reduz a produtividade de culturas essenciais como soja, milho e café. Além disso, o gado sofre com a falta de água e pasto seco, comprometendo a produção de carne e leite.”
O impacto econômico dessas perdas é significativo. Segundo um estudo do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), eventos climáticos extremos podem reduzir o PIB de países tropicais em até 10% nas próximas décadas, caso medidas de mitigação não sejam adotadas.

Soluções e caminhos para o futuro
Diante dos desafios impostos pelo calor extremo, especialistas ressaltam a necessidade de políticas públicas e ações individuais para reduzir os impactos. Entre as principais estratégias estão:
• Ampliação das áreas verdes nas cidades: árvores ajudam a reduzir a temperatura ambiente e melhoram a qualidade do ar.
• Uso de materiais sustentáveis na construção civil: telhados verdes, tintas refletivas e ventilação cruzada são alternativas para amenizar o calor nos centros urbanos.
• Investimento em fontes de energia renovável: a redução da dependência de combustíveis fósseis é essencial para frear o aquecimento global.
• Educação e conscientização ambiental: campanhas públicas podem incentivar hábitos sustentáveis, como o consumo consciente de água e energia.
Segundo o climatologista Ricardo Vasconcellos, o enfrentamento do calor extremo deve ser uma prioridade global. “A adaptação a esse novo cenário climático exige mudanças estruturais e comportamentais. Se não agirmos agora, os impactos serão cada vez mais severos para as próximas gerações”, alerta.
Por Bruno Rakowsky