Um dia após o Brasil registrar mais de mil mortes em 24 horas pela covid-19, o Ministério da Saúde divulgou a maior quantidade de diagnósticos entre um dia e outro desde o início da pandemia: 19.951 casos confirmados, totalizando 291.579 infectados no país.
A pasta também divulgou a confirmação de 888 óbitos pela doença entre ontem e hoje. Com isso, chega a 18.859 o número de mortes pelo novo coronavírus. Ainda segundo o ministério, 3.483 óbitos suspeitos ainda estão em investigação e 156.037 casos seguem em acompanhamento. Cerca de 116.683 pacientes já se recuperaram da doença.
Ontem, o país havia passado pela primeira vez a marca de mil mortes pela covid-19 em um dia — foram 1.179 registros novos. A estratégia do governo federal diante deste cenário insiste no tratamento com cloroquina e hidroxicloroquina, apesar de não haver comprovação científica sobre a eficácia do medicamento em infectados pelo novo coronavírus.
Paciente deve assinar termo de consentimento
Pela manhã, o Ministério da Saúde divulgou um protocolo sobre o uso de cloroquina e hidroxicloroquina nos tratamentos, sugerindo a adoção dos fármacos em casos leves da doença. Acompanhando o protocolo, a pasta também publicou um termo de consentimento a ser assinado pelo paciente sobre os riscos dos medicamentos.
O termo apresentado ao paciente frisa que “não existe garantia de resultados positivos, e que o medicamento proposto pode inclusive agravar minha condição clínica, pois não há estudos demonstrando benefícios clínicos”.
Ainda, o texto apresenta aos pacientes os seguintes efeitos colaterais pelas medicações:
• Redução dos glóbulos brancos
• Disfunção do fígado
• Disfunção cardíaca e arritmias
• Alterações visuais por danos na retina
• Disfunção grave de órgãos
• Prolongamento da internação
• Incapacidade temporária ou permanente
• Óbito
Segundo a secretária de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde, Mayra Pinheiro, o termo deixa a responsabilidade sobre possíveis efeitos colaterais nas mãos do paciente. Ela havia sido questionada sobre a possibilidade de um paciente tentar processar a União em caso de fortes efeitos colaterais por causa da cloroquina.
“O termo de conhecimento livre e esclarecido deixa o paciente estabelecido que ele tem acesso a todas as informações e riscos”, disse ela durante entrevista coletiva concedida pelo Ministério da Saúde nesta tarde. A secretária afirmou que assinar tais termos faz parte da “rotina de procedimentos médicos”.
Contestado por sociedades médicas, pela Opas (Organização Pan-Americana da Saúde) e pela OMS (Organização Mundial da Saúde), o protocolo do Ministério da Saúde pode ser lido, na íntegra, através deste link.
Cálculos da Saúde não refletem as últimas 24h
Os números de diagnósticos e óbitos confirmados pelo governo entre um dia e outro não necessariamente ocorreram de ontem para hoje.
O Ministério da Saúde explica que há atrasos de até dois meses nos registros feitos pelas secretarias, provocados pela fila de testes, e que as confirmações podem refletir ocorrências desde o início da pandemia.
Fonte: UOL