Não é de hoje que o Brasil vem sofrendo quedas nas coberturas vacinais infantis. Mesmo com uma forte cultura de vacinação, as metas não foram alcançadas nos últimos anos principalmente por conta de problemas como o negacionismo, amplamente divulgado durante o governo de Jair Bolsonaro, e a hesitação de pais influenciada por motivos como a baixa percepção de risco das doenças imunopreveníveis, as dificuldades de acesso aos serviços de vacinação e a desinformação que leva à desconfiança da segurança e efetividade dos imunizantes, o que fez doenças já erradicadas, como o sarampo, voltarem a circular no país.
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Agora, próximo ao aniversário de 50 anos do PNI (Programa Nacional de Imunizações), uma boa notícia: finalmente o Brasil registra uma alta na vacinação infantil, com um aumento dos índices em 2022. Os números são de uma pesquisa do Observa Infância, parceria entre a Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) e a Unifase, baseada nos sistemas públicos de saúde, que analisou a cobertura vacinal para crianças com menos de dois anos para quatro vacinas fundamentais do calendário nacional: BCG (que protege contra as formas graves da tuberculose), pólio (contra a paralisia infantil), DTP (contra difteria, tétano e coqueluche) e MMRV (contra sarampo, caxumba, rubéola e varicela).
De acordo com o levantamento, os quatro imunizantes tiveram aumento na cobertura entre 2021 e 2022, mas apenas a BCG alcançou a meta recomendada pelo Ministério da Saúde, com alta de 19,7 pontos percentuais, atingindo 99,5%. A meta anual da pasta é vacinar 90% dos bebês menores de um ano.
Já a cobertura para o esquema vacinal de três doses da vacina contra a poliomielite, no primeiro ano do bebê, subiu 9,7 pontos percentuais, mas ficou quase dez abaixo da meta de 95%, alcançando 85,3%. A dose de reforço da gotinha da pólio, dada aos 15 meses da criança, porém, só atingiu 69,7 pontos percentuais de cobertura, embora também tenha registrado um aumento de 6,25%.
Sobre a vacina DTP para crianças menores de um ano teve aumento de 9,1 pontos percentuais, chegando a 85,3%, também não batendo a meta de 95% de cobertura vacinal, assim como a dose de reforço, que alcançou 68,9%. A vacina combinada MMRV (tetraviral) também registrou alta de 3,5 pontos percentuais, mas ainda com baixo desempenho, de 59,6%, de cobertura no país – lembrando que esta é a vacina do sarampo, doença que voltou à cena no país fazendo com que o Brasil perdesse o certificado oficial de erradicação do sarampo em 2019.
Segundo o Ministério da Saúde, é prioridade do governo aumentar as coberturas vacinais no país. Atualmente, a pasta prevê destinar mais de R$ 151 milhões para ações de planejamento nos estados, como forma de adaptar as estratégias de vacinação aos locais, além de outras medidas como a busca ativa de não vacinados e o aumento da aplicação dos imunizantes em áreas indígenas.
“A recuperação [da confiança da população] é um desafio que estamos vencendo”, afirmou Nísia Trindade, em entrevista à Agência Brasil. Segundo a ministra da saúde, a retomada das altas coberturas vacinais é uma missão de toda a sociedade o governo trabalha para retomar seu papel como autoridade sanitária e como referência mundial em vacinação. “A vacinação é um dos grandes ganhos civilizacionais.”
Fonte: Veja