Uma usina de geração de energia fotovoltaica será instalada no campus Juazeiro do Norte da Universidade Federal do Cariri (UFCA) em breve. De acordo com a Diretoria de Infraestrutura (Dinfra/UFCA), os recursos federais para a compra dos equipamentos, para o serviço de instalação e para os primeiros testes da usina na universidade já foram reservados pela União. Ao todo, R$ 1.025.682,84 serão destinados para a empresa executora do projeto: a mineira Ownergy Solar. O Sistema Integrado de Administração Financeira (Siafi), do governo federal, emitiu a nota de empenho com os recursos – garantidos por Termo de Execução Descentralizada (TED) – no último dia 30.
Segundo o engenheiro eletricista da Dinfra/UFCA, Andre Wagner, serão instalados 12 painéis de 18.48 kWp cada (leia-se “quilo-watt pico”), na cobertura dos prédios já construídos no campus Juazeiro. Somados, os painéis poderão produzir, juntos, até 221.76 kWp; potência essa, conforme Andre, suficiente para suprir 30% da demanda de energia do campus: “o tempo de retorno do investimento será em torno de 5 anos, tendo a usina solar fotovoltaica vida útil de 25 anos, aproximadamente”, completa o engenheiro.
De acordo com o Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (Ipece), o Ceará tem cerca de 93% do seu território em área de clima semiárido, o que acarreta elevada incidência solar anual e escassez/irregularidade pluviométrica na maior parte do estado, entre outras características geoambientais. Esse cenário é, segundo o órgão, desfavorável à produçao de algumas fontes de energia, como a hidrelétrica; mas favorável a outros tipos de produção, como a solar e a eólica.
Conforme o Atlas Solarimétrico do Ceará 1963 | 2010 – desenvolvido pela Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme), em parceria com a Secretaria da Infraestrutura (Seinfra) – o Nordeste do Brasil, localizado aproximadamente entre as latitudes 1˚S e 18˚S, em uma área de 1.548.675 km2, possui em média 2.500 horas/ano de insolação, o que torna a região propícia para exploração de radiação solar incidente durante praticamente todo o ano.
Crise energética global e visão estratégica
Em todo o mundo, a larga exploração de energia produzida com recursos não renováveis, como o petróleo, gerou uma intensa crise ambiental, decorrente sobretudo da emissão de gases poluentes que aumentam a temperatura da Terra e, assim, provocam alterações climáticas. Além disso, as fontes não renováveis de energia têm oferta limitada e não são capazes de suprir a demanda energética de uma população mundial que pode chegar a 8,6 bilhões em 2030, conforme estimativa da Organização das Nações Unidas (ONU) de 2017.
De acordo com artigo de pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP), a adoção de energias alternativas tem sido amplamente perseguida desde as crises do petróleo, ocorridas na década de 1970, quando diversos países passaram a buscar reduzir a dependência da importação de combustíveis e assim aumentar a segurança no fornecimento de energia. E isso se alcança com investimentos nas chamadas fontes renováveis de energia: aquelas que usam recursos não esgotáveis para produção energética, tais como a radiação solar, os ventos e a biomassa.
O Brasil, segundo o artigo supracitado, foi pioneiro na América Latina a instalar um aerogerador para exploração de energia eólica, no início da década de 1990. A instalação veio após a ocorrência de uma das primeiras falhas de grande escala no fornecimento de energia elétrica no país, em 17 de setembro de 1985. O “apagão” deixou sete estados e o Distrito Federal sem luz por cerca de 30 minutos.
Apesar dos novos investimentos, a principal fonte de energia do Brasil ainda é a hidrelétrica (em 2011, representava mais de 90% da geração de eletricidade no país). A opção por esse tipo de matriz energética considera principalmente o elevado potencial hídrico nacional (o território brasileiro contém cerca de 12% de toda a água doce do planeta). Com as frequentes secas no país, no entanto, a segurança no abastecimento de energia tem caído, o que vem impulsionando iniciativas de obtenção de energia por fontes alternativas.
Diante do cenário de crise energética, o Plano de Desenvolvimento Institucional 2020 da UFCA prevê a implementação de medidas que reduzam o consumo de energia na universidade, compreendendo que a “racionalização na utilização dos recursos energéticos tornou-se necessária à manutenção das atividades da UFCA”.
Além disso, de acordo com o PDI 2020, o desenvolvimento de projetos para obtenção de energia por fontes alternativas – como o da usina fotovoltaica – contribuem não apenas para a mitigação de emissões de gases do efeito estufa ou para uma maior autonomia energética da instituição, mas também para a geração de novos postos de trabalho e para o fomento à inovação no setor. “Desta forma, com projetos de Energia Fotovoltaica, a UFCA pretende impactar diretamente o [seu] objetivo estratégico ‘Contribuição para o desenvolvimento socioeconômico e para a dinâmica cultural’”, destaca o documento.
O projeto executivo para a instalação da usina de energia fotovoltaica na UFCA prevê tempo de serviço de 8 meses.