Depois de ter o prazo de conclusão adiado duas vezes – setembro de 2017 e maio de 2018 -, o teleférico de Barbalha ganhou nova previsão para inauguração. Com 85% de avanço físico da obra, a Superintendência de Obras Públicas (SOP) prevê que a parte estrutural seja entregue em outubro deste ano, quando começará a fase de operação assistida. O equipamento interligará a Vila do Caldas até o Mirante do Cruzeiro, onde é possível contemplar o vale do Cariri, as cidades de Juazeiro do Norte, Crato, e Barbalha, além de propiciar vista privilegiada para a Chapada do Araripe. O investimento do Governo do Estado é de R$ 14 milhões.
Projetado para impulsionar o turismo no Cariri, o teleférico terá capacidade para transportar até 660 pessoas por hora, percorrendo uma distância de 550 metros, a aproximadamente 150 metros de altura, em velocidade normal de 1,4 m/s. De acordo com a SOP, todos os equipamentos – como as cadeirinhas e os cabos – já estão no canteiro de obras, em processo de montagem, aguardando apenas a ligação de energia elétrica.
A obra também inclui uma praça, borboletário e bicicletário. Os testes operacionais do teleférico devem começar no fim deste mês.
Concessão
A Secretaria do Meio Ambiente (Sema) realizou um estudo de viabilidade socioeconômica, que servirá de base para a licitação afim de que o teleférico seja administrado por uma empresa privada, através de concessão.
Além do próprio teleférico, a administradora poderá explorar o prédio do antigo Hotel do Caldas, vizinho à estação inferior, que foi restaurado e ganhou piso com ladrilhos hidráulicos feito na oficina do renomado construtor barbalhense Jaime Rodrigues. O espaço poderá ter restaurante, museu e lojas.
Projeção
Enquanto aguardam a inauguração, os moradores do distrito de Caldas já projetam um grande aumento no número de turistas, já que a localidade conta com o famoso Balneário do Caldas e também com o Hotel das Fontes, pontos de visita, além de ficar a poucos quilômetros do Arajara Park, empreendimentos que ficam na encosta da Chapada do Araripe. “Vai melhorar ainda mais, principalmente, na venda de lanches. A gente aguarda há um tempo”, conta Aparecida Lacerda, que tem uma padaria e cafeteria em frente à estação inferior.
Nascido e criado no distrito, o também comerciante Gilvan dos Santos Pereira resolveu empreender há um ano, montando uma lanchonete vizinha a uma das estações, justamente na expectativa da entrega deste equipamento, que se soma à requalificação que o Caldas vem tendo nos últimos anos. “Estamos esperando há mais de dois anos. Espero que saia este ano ainda. O pessoal daqui já está pensando em modificar os restaurantes, modernizar. A gente acredita que vai melhorar muito o espaço. A cada fim de semana vem muita gente”, completa.
Não são apenas os comerciantes que enxergam com bons olhos a chegada do teleférico. O guia de turismo cratense Jocyneyson Jorge do Nascimento acredita que o equipamento está dentro de um contexto de crescimento de toda região do Cariri. “Terá um impacto muito grande, seja social, econômico e até ambiental, tendo em vista que os visitantes não irão só para o teleférico, mas se hospedarão próximos a ele, agregando valor junto aos balneários, hotéis e pousadas”, acredita.
O guia acredita também que isso pode impulsionar a procura por profissionais qualificados para conduzir o turista pelo Cariri. Os próprios moradores e empresários do Caldas estão recebendo assessoria e profissionalização pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) para melhor recepcionar o visitante. “As pessoas já conhecem aquela área como a palma da mão. Será um impacto positivo”, complementa Jocyneyson.
Impacto ambiental
O projeto do teleférico preocupou, principalmente, os ambientalistas da região do Cariri, já que o equipamento está dentro da Floresta Nacional do Araripe (Flona). Contudo, o geógrafo Josier Ferreira, professor da Universidade Regional do Cariri (Urca), observa que a execução contrariou as perspectivas negativas, pois, “houve poucas mudanças na cobertura vegetal”, já que as torres estão acima da copa das árvores.
“Houve mais uma artificialização da paisagem, mas não houve impacto significante na estrutura geológica ou que acelerasse o processo erosivo”, acrescenta.
Porém, Josier atenta que, em seu funcionamento, deve haver um controle, para que não haja uma pressão demográfica na encosta da Chapada do Araripe. “Cuidar para que não ocorra uma dispersão em outras áreas que não são efetivamente destinadas para o lazer”, pondera o geógrafo.
Além disso, o professor vê o teleférico do Caldas como uma oportunidade para fortalecer a educação e cultura. Ele propõe utilizar o equipamento para ensinar acerca dos relevos, formação dos núcleos urbanos, além de temáticas como turismo e natureza.
Por Antonio Rodrigues
Fonte: Diário do Nordeste