Onze dos 157 açudes monitorados pela Companhia de Gerenciamento dos Recursos Hídricos do Ceará (Cogerh) atingiram a capacidade máxima e se encontram vertendo (sangrando). As fortes chuvas registradas nesta semana na região Sul do estado fizeram o Rio Salgado correr com intensidade, levando bons volumes ao Castanhão, maior reservatório do Ceará. Contudo, a distribuição dessas águas no território é irregular, o que significa dizer que algumas regiões hidrográficas ainda inspiram cuidados.
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“Hoje, temos praticamente o mesmo volume acumulado de primeiro de janeiro (31,8% atualmente contra 31,4% no início do ano). Natural que os pequenos reservatórios sangrem primeiro. Essa água da sangria, normalmente escoa para os reservatórios maiores. Por isso é prudente aguardar o final da quadra chuvosa para um diagnóstico”, avalia João Lúcio Farias, presidente da Cogerh.
Segundo Farias, as primeiras chuvas – sejam as de pré-estação, ou as caídas no início da estação, têm papel importante, embora não assegurem aportes significativos. “São essas primeiras chuvas que vão encharcar o solo e encher os pequenos barramentos. Com a continuidade das chuvas é que teremos recargas significativas nos reservatórios maiores”, explica. O gestor ainda alerta para as condições dos grandes reservatórios, considerados estratégicos. “Dos quatro maiores reservatórios do Estado, apenas o Araras, na Bacia do Acaraú, encontra-se em situação bastante confortável, com 72,6% da sua capacidade. Em seguida temos o Orós, com 46,4%, o Castanhão com 19,8% e, mais preocupante, o Banabuiú, com apenas 9%”, detalha.
Bacias como a do Coreaú (72,9%), Acaraú (66,4%) e Metropolitanas (62,4%) contrastam com as regiões hidrográficas do Banabuiú (9,5%) e Sertões de Crateús (12,9%). “Isso decorre de uma das principais características do nosso regime de chuvas, a irregularidade no tempo e no espaço. Ou seja, nossas chuvas não são homogêneas no território nem constantes.
Dessa forma, o quadro varia de região para região”, demandando ações específicas para cada quadro específico”, ensina o diretor de Operações da Cogerh, Bruno Rebouças. Para ele, mesmo com a boa perspectiva calcada nas previsões da Funceme para a quadra chuvosa, é necessário prudência. “Nem sempre chuva redunda em aportes. Essas chuvas, mesmo na média ou até acima da média, carecem de constância e precisam cair no lugar certo para gerar escoamento e, consequentemente, aportes”, ensina.