As ruas tomadas por um grande cordão de luz formado por velas, candeeiros e lamparinas darão lugar a um terço realizado em cada domicílio. Por causa da pandemia da Covid-19, é assim que será celebrado o encerramento da Romaria de Nossa Senhora das Candeias, em Juazeiro do Norte, que acontece nesta terça-feira (02). A tradicional procissão, pela primeira vez na história centenária, não acontecerá.
Dia 2 de fevereiro também marca o fim do chamado ‘Ciclo de Romaria’, que começou em setembro, com a celebração em torno de Nossa Senhora das Dores, padroeira da cidade, passando também pela Romaria de Finados, em novembro. Porém, todas elas aconteceram em formato virtual, transmitidas pela TV Web Mãe das Dores, da Basílica Santuário de Nossa Senhora das Dores. Com a Romaria de Candeias não será diferente.
A programação começa a partir das 5h com a missa, seguindo por outras duas celebrações religiosas às 7h e às 9h, esta última, presidida pelo bispo da Diocese de Crato, dom Gilberto Pastana. A entrada de fiéis será permitida com 50% da capacidade do templo para pessoas sentadas, que é 450, ou seja, 225. Na Capela do Perpétuo Socorro, as missas acontecem ao longo do dia: às 7h, às 10h, às 12h, às 15h30 e às 17h.
Adaptação
Ao meio-dia acontece um dos momentos mais marcantes da fé popular na terra do Padre Cícero: a despedida dos romeiros. Dessa vez, estimulada pelas transmissões na internet, ao contrário da contagem tradicional de devotos que visitam Juazeiro do Norte de outros Estados, será apresentado o número total de fiéis que acompanham a romaria em formato virtual. “Vamos apresentar por Estado ou países a quantidade de visualizações e de pessoas que rezaram conosco. É um novo normal”, conta o reitor da Basílica de Juazeiro do Norte, padre Cícero José da Silva.
Encerrando a programação, acontecerá uma nova missa, às 17h, novamente presidida pelo bispo dom Gilberto, seguida da tradicional bênção das velas, que acontecerá de forma simbólica, já que não terá a procissão. “A nossa motivação é para que o povo de Deus acenda uma vela em sua casa e una os membros da família para juntos honramos a Mãe das Candeias, Ela que nos traz a Luz que mais ‘alumeia’, que é o próprio Cristo. E a mensagem dele é muito clara: que todos tenham vida e a tenham em plenitude”, explica padre Cícero José.
Para evitar aglomerações e a possível exposição ao vírus, a procissão foi substituída por um terço, que deve ser rezado em casa por cada romeiro, como uma “oficina de oração”, como pedia o fundador da cidade. “Estaremos rezando em família. Com isso, vamos favorecer aqueles que desejam estar conosco e, ao mesmo tempo, salvar vidas. O coronavírus não acabou, mesmo com algumas pessoas sendo vacinadas”, pondera o sacerdote.
“Quando (a vacina) chegar para todos, se tivermos a graça num futuro não tão distante, estaremos imunizados e vamos voltar ao nosso encontro, as celebrações e celebrar de forma tão fraterna, viva e alegre, que são as romarias em Juazeiro do Norte”, completou padre Cícero.
A celebração de Nossa Senhora das Candeias ou da Candelária, da Apresentação, da Luz ou da Purificação, remota a época de Cristo. O dia 2 de fevereiro marca 40 dias após o nascimento de Jesus. “Os dias de resguardo, onde a mulher é considerada impura, não poderiam entrar no templo”, conta a historiadora Fátima Pinho. A “Virgem da Luz” teria aparecido na ilha de Tenerife, na Espanha, em 1400. A devoção a santa se espalhou na Europa, sobretudo, por Portugal.
Por Antonio Rodrigues
Fonte: Diário do Nordeste