O período de chuvas entre fevereiro e maio de 2024, conhecido como quadra chuvosa, encerrou-se com volumes pluviométricos acima da média histórica no Ceará. O estado registrou um acumulado de 764 milímetros, representando um desvio positivo de 25,4% em relação à média climatológica para o quadrimestre, que é de 609,2 mm. Os dados foram divulgados pela Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme) nesta sexta-feira (7).
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Segundo a Funceme, o desempenho positivo está diretamente ligado às chuvas intensas ocorridas em fevereiro e março. Nestes meses, os acumulados foram significativamente superiores, contribuindo para elevar o total final. Fevereiro apresentou um desvio positivo de quase 100%, enquanto março registrou um aumento de 13%.
Apesar das chuvas acima da média, a região central do estado, incluindo a macrorregião do Sertão Central e Inhamuns, enfrentou relativa escassez de precipitações. Em contraste, o Litoral de Fortaleza acumulou 1.253,2 mm, ou seja, 51,2% acima da média histórica.
A Funceme destacou que as precipitações do quadrimestre foram influenciadas principalmente pela Zona de Convergência Intertropical (ZCIT), que se manteve próxima à costa norte do Nordeste devido às águas mais quentes no Oceano Atlântico Tropical, favorecendo os acumulados expressivos.
“Neste ano, tivemos uma condição totalmente atípica, excepcional e anômala no Atlântico, que nunca havia sido observada antes, influenciando as chuvas no estado”, afirmou Meiry Sakamoto, gerente de Meteorologia da Funceme.
Em janeiro, a previsão da Funceme indicava maior probabilidade de precipitações abaixo da média, principalmente devido à força do El Niño, que historicamente interfere nas chuvas no Ceará. No entanto, o padrão observado em 2024, com águas do Atlântico superaquecidas, não havia sido previsto.
“As previsões são baseadas no conhecimento prévio dos modelos numéricos sobre clima, atmosfera e oceanos, e como estes fatores afetam as condições futuras. Porém, o padrão deste ano não foi antecipado, e os modelos não estavam preparados para perceber como isso poderia superar a influência do El Niño”, explicou Meiry.
Devido à concentração das chuvas no início da quadra chuvosa e no norte do estado, os meses de abril e maio tiveram acumulados menos expressivos, com algumas áreas do Ceará apresentando precipitações abaixo da média. No último mês do período, somente os litorais de Fortaleza e do Pecém registraram chuvas acima da média, enquanto regiões como Jaguaribana, Cariri e Sertão Central e Inhamuns tiveram acumulados pouco significativos.
Por Heloísa Mendelshon