Ao fim de janeiro, a Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme) aponta para uma pré-estação chuvosa — somando dezembro —, 52% abaixo da normal climatológica para o período no Ceará. Os dois meses somam 61,6 milímetros, enquanto a média histórica é de 130,3 milímetros. O prognóstico para os próximos três meses não é otimista.
Em 2021, o acúmulo em janeiro foi o menor nos últimos seis anos para o período. Ao todo, foram observados 50,1 milímetros, enquanto o normal climatológico é de 98,7 milímetros. Isso representa 49,3% abaixo do habitual. Abaixo, seguem os volumes no primeiro mês do ano desde 2015:
Além disso, todas as macrorregiões monitoradas pela Funceme registraram chuvas abaixo de seu normal climatológico. Mesmo assim, o Cariri lidera com 88,4 milímetros, seguido pelas regiões de Litoral de Fortaleza, que teve 77,6 milímetros, e o Maciço do Baturité, que acumulou 68,8 milímetros.
Até agora, a maior chuva do ano caiu em Pereiro, na macrorregião Jaguaribana, que registrou 76 milímetros no último dia 28. Também choveu com destaque nas cidades de Fotir, ainda na região Jaguaribana, que somou 64 milímetros, e Santana do Acaraú, no Litoral Norte, com 63,2 milímetros.
A gerente de meteorologia da Funceme, Meiry Sakamoto, pondera que, apesar de 2016 chover muito, quase o dobro da normal climatológica, a estação chuvosa foi muito ruim. “Isso quer dizer que as chuvas de pré-estação são diferentes da estação chuvosa quanto ao sistema que influenciam. Na pré-estação são ocasionadas por frentes frias ou presenças de vórtices ciclônicos de altos níveis, enquanto na estação temos influência principal da Zona de Convergência Intertropical (ZCIT)”, detalha.
Isso significa que, apesar das chuvas em dezembro e janeiro estarem abaixo da média, durante a estação chuvosa — de fevereiro a abril — o volume pode ser maior. Porém, o prognóstico da Funceme para o próximo trimestre é pessimista: indicou 50% abaixo da normal climatológica, outros 40% dentro da normal e 10% acima.
O prognóstico também fala da distribuição de chuvas do ponto de vista espacial. “O principal indicativo é que o Centro-Sul tenha probabilidade de chuvas abaixo da normal em algumas localidades, enquanto o Noroeste do Estado fique acima”, descreve Sakamoto. Isso acontece pelas condições do Oceano Atlântico.
“Estamos sob influência da La Niña no Pacífico, mas o Atlântico ainda não favorece o posicionamento da ZCIT. O oceano se encontra mais aquecido no Atlântico Norte e mais frio no Atlântico tropical Sul. Isso não favorece o deslocamento da Zona de Convergência mais ao sul. Permanecendo, a tendência é que se aproxime do Norte do Ceará”, completa a meteorologista.
Neste primeiro dia de fevereiro, que marca o início da estação chuvosa, houve precipitações em apenas nove municípios cearenses. O maior delas caiu em Quixeré, que registrou 9,8 milímetros. O céu também molhou Quixadá (9 mm), Jijoca de Jericoacoara (5,5 mm), Palmácia (2,2 mm), Ubajara (2 mm), Fortaleza (1,8 mm), Viçosa do Ceará (1,4 mm) e Limoeiro do Norte (1 mm).
A previsão do tempo para o restante desta segunda-feira (1º), é de nebulosidade variável em todas as regiões com chuva isolada no Litoral Norte, na Ibiapaba e no Cariri. No Litoral de Fortaleza e no Litoral do Pecém, possibilidade de chuva. Amanhã (2), segue templo nublado em todas as regiões com chuva isolada noLitoral Norte, na Ibiapaba e no Cariri.
Já no Litoral de Fortaleza, Litoral do Pecém, no Maciço de Baturité e no Sertão Central e Inhamuns, há possibilidade de chuva. Na quarta-feira (03), o tempo volta a se apresentar com nebulosidade variável em todo o território cearense com precipitações isoladas no Litoral Norte, na Ibiapaba e no Cariri. No Litoral de Fortaleza, Litoral do Pecém, no Maciço de Baturité e no Sertão Central e Inhamuns, possibilidade de chuva.
Meiry Sakamoto explica que, nestes primeiros dias de 2021, o Ceará está sob influência dos vórtices ciclônicos de altos níveis, que em suas bodas podem ocasionar formação de nuvens carregadas, trazendo chuvas isoladas ao Cariri, Litoral Norte e Ibiapaba.
“Em relação a Zona de Convergência Intertropical, as condições não se mantem favoráveis para este posicionamento, então, no momento, ainda se encontra afastada da zona cearense e não deve influenciar nestes primeiros dias de fevereiro”, finaliza.
Por Antonio Rodrigues
Fonte: Diário do Nordeste