Uma nova espécie de dinossauro, a mais antiga já encontrada na Bacia Sedimentar do Araripe, foi apresentada, nesta sexta-feira (10), por pesquisadores da Universidade Federal do Pernambuco (UFPE), do Museu Nacional, no Rio de Janeiro, e da Universidade Regional do Cariri (Urca).
Batizado de Aratasaurus museunacionali, seu fóssil foi encontrado na Formação Romualdo, em Santana do Cariri. A estimativa é de que ele viveu há 115 milhões e 110 milhões de anos, no período Cretáceo.
Segundo a pesquisadora da UFPE, Juliana Sayão, que liderou a descoberta, este dinossauro pertenceu a um grupo de carnívoros, que inclui outra espécie encontrada na mesma região, o Santanaraptor. Seus representantes evolutivos atuais são as aves.
“Isso mostra que estes dinossauros carnívoros estavam mais dispersos do que a gente imagina”, observa a paleontóloga.
O nome da nova espécie Aratasaurus museunacionali, significa “nascido do fogo”, em homenagem ao Museu Nacional, no Rio de Janeiro, que em setembro de 2018 sofreu com o incêndio que destruiu grande parte do seu acervo. No entanto, a área onde estava o fóssil, desde 2016, não foi atingido pelo fogo e a peça permaneceu intacta.
O fóssil foi encontrado em 2008 na Mina Pedra Branca, em Santana do Cariri, por um operário, que entregou ao então diretor do Museu de Paleontologia, o professor Plácido Cidade Nuvens, que hoje batiza o equipamento. Em visita à região, Juliana identificou que seria um dinossauro, sem especificar a espécie, pois demanda anos de estudos. Especialista em Archosauria, a paleontóloga levou consigo a peça para a UFPE, onde iniciou os estudos, que foi concluído no Museu Nacional.
As análises microscópicas identificaram algumas características da espécie. “Pela análise dos seus ossos, a gente viu que se tratava de um animal jovem. Há marcas que mostram uma pausa de desenvolvimento”, explica Juliana.
Já a partir da dimensão da pata, valendo-se das espécies evolutivamente próximas, foi possível chegar à conclusão que o dinossauro tinha um porte médio, chegando a medir 3,12 metros e pesar 34,25 quilos.
Ambiente
A paleontóloga Flaviana de Lima detalha que o ambiente onde a espécie foi encontrada era árido. “encontramos fragmentos de material lenhoso, escuro, bem parecido com carvão na mesma camada. Isso indica que havia condições de acontecer paleoincêndios vegetacionais”, detalha.
O fóssil será depositado no Museu Plácido Cidade Nuvens, em Santana do Cariri, sendo o primeiro de dinossauro sob posse deste equipamento, que é administrado pela URCA.
“Isso vai possibilitar que haja um aporte maior para o turismo de aventura, científico. Para uma região que sofre tanto com o tráfico de fósseis, a descoberta nos deixa muito feliz”, conta o paleontólogo Álamo Feitosa.
Por Antonio Rodrigues
Fonte: Diário do Nordeste