Pais, professores, alunos e ex-alunos do Colégio Diocesano do Crato realizaram uma manifestação, na manhã deste sábado (05), contra o fechamento desta instituição de ensino, que completou 92 anos de fundação. Administrado pela Fundação Padre Ibiapina, segundo os familiares dos estudantes, a escola privada está em dificuldades financeiras há alguns anos. Seu prédio não passa por manutenção e os professores estão salários atrasados. A comunidade acredita que o tradicional colégio será negociado.
A manifestação teve concentração às 9h, em frente ao próprio Colégio Diocesano. Lá, o grupo de aproximadamente 100 pessoas realizou um abraço coletivo no prédio. Em seguida, os manifestantes caminharam pelas principais ruas do Centro do Crato, trazendo faixas e cartazes. Ex-alunos vestiram suas antigas fardas em solidariedade. O ato foi encerrado na Praça da Sé, num momento de oração pela continuidade da instituição.
A caminhada foi organizada por uma comissão de pais e professores que está a frente das negociações com a Diocese de Crato. Nesta semana, o grupo foi recebido pelo Padre José Vicente.
Atualmente, o Colégio só abriga o Ensino Fundamental. Os familiares de estudantes acreditam que o ano letivo de 2020 já não acontecerá. Eles também denunciam que, na última vez que houve manutenção no prédio, para revitalizar a pintura das paredes, o custo saiu do bolso de pais e professores.
História
Aberto em 1º de março de 1927, inicialmente chamado de Ginásio do Crato, o Colégio Diocesano se tornou referência no interior, numa época em que muitas pessoas deixavam o Cariri para estudar em Recife (PE). Até a década de 1980, a instituição só educava garotos – até adotar o ensino misto. Seu primeiro diretor foi o padre Francisco Pita, depois passou a ser administrado pelo monsenhor Joviniano Barreto, padre David Moreira e o monsenhor Montenegro, este último, passou 52 anos na direção da escola.
Ali, foram formadas diversas pessoas ilustres, como educadores, embaixadores, militares, sacerdotes e políticos.”Só não formou presidente da República”, resume o memorialista e jornalista Huberto Cabral. Entre as personalidades, estão ex-governador de Pernambuco, Miguel Arraes, o ex-governador do Ceará, Adauto Bezerra, o ex-governador do Piauí, Helvídio Nunes de Barros, o ex-governador de Alagoas, Muniz Falcão, o ex-ministros João Gonçalves de Sousa e Humberto Barreto.
Por Antonio Rodrigues
Fonte: Diário do Nordeste