Uma empresa ‘de fachada’, alvo da segunda fase da Operação Bricolagem, deflagrada pela Polícia Federal (PF) ontem, recebeu mais de R$ 1,4 milhão de municípios cearenses, durante o ano de 2018. Como a investigação está sob sigilo de Justiça, não foram revelados os nomes do empreendimento, do proprietário e nem as outras prefeituras que fizeram pagamentos suspeitos, além de Granjeiro.
A Operação cumpriu quatro mandados de busca e apreensão, em três residências de suspeitos e na empresa ‘de fachada’, em Farias Brito e Várzea Alegre, cidades vizinhas. As ordens judiciais foram deferidas pelo Tribunal Regional Federal da 5ª Região (TRF-5) para colaborar com a investigação que combate fraudes em licitações públicas e desvios de verbas federais em Granjeiro.
Um dos mandados de busca e apreensão foi cumprido na empresa ‘de fachada’. “Essa empresa na qual foi feito busca e apreensão, só no ano passado ela recebeu de pagamentos de municípios cearenses pouco mais de R$ 1,4 milhão. Hoje (ontem), entrando nessa empresa, a gente verificou que não tem nada, não tem funcionário e não tem funcionamento”, afirmou a chefe da Delegacia da Polícia Federal em Juazeiro do Norte, delegada Josefa Lourenço.
“É uma empresa que vence licitações, recebe recursos federais, mas que a gente entra na empresa e não tem nenhuma movimentação, qualquer serviço ou produto prestado. Só uma fachada que justifica o escoadouro do desvio de recursos públicos federais, no pequeno Município de Granjeiro”, ratifica o delegado da PF responsável pela investigação, Alan Rocha.
Os policiais federais apreenderam computadores, aparelhos celulares, documentos e outras mídias. “Nós temos agora esse material, vamos pedir a renovação do prazo para (concluir o inquérito) em três meses. Pelo que a gente já colheu e com esses novos elementos de prova, a gente acredita que, com três meses, vai apresentar o relatório ao Tribunal Regional Federal”, conclui Josefa.
Prefeito
A Polícia Federal cumpriu 12 mandados de busca e apreensão, nos municípios de Granjeiro, Aurora, Caririaçu e Juazeiro do Norte, durante a primeira fase da Operação Bricolagem, deflagrada no dia 21 de novembro de 2018. Um dos alvos da investida policial foi o prefeito de Granjeiro, João Gregório Neto.
Na residência do prefeito, a PF apreendeu R$ 213 mil em espécie, em uma caixa de sapato. A investigação suspeitou da movimentação de cerca de R$ 26 milhões na conta de um beneficiário da aposentadoria rural, que é parente do gestor municipal.
A suspeita inicial dos investigadores é que o esquema criminoso fraudou cerca de R$ 5 milhões. A delegada Josefa Lourenço explicou, na primeira fase, que “eram feitos os processos licitatórios, as empresas vencedoras eram contratadas, mas quem executava as obras das escolas era o próprio prefeito. Comprava material, contratava pessoas. Um mesmo mestre de obras conduzia duas obras em duas escolas diferentes com empresas diferentes contratadas”.
Fonte: Diário do Nordeste