Alguns municípios do Ceará estão aplicando a segunda dose (D2) da vacina da AstraZeneca, contra Covid-19, antes do prazo máximo estipulado, de 90 dias após a primeira dose (D1). Dentre as cidades que adotam a medida, estão Fortaleza e Eusébio. A estratégia obedece regras do Ministério da Saúde (MS) e deve ser discutida em reunião da Comissão Intergestores Bipartite (CIB), que ocorre nesta sexta-feira (23).
Conforme orientações da pasta de saúde, o período entre as duas doses da vacina deve ser de 30 a 90 dias. Inicialmente, as secretarias realizavam a aplicação da D2 no prazo máximo, de até três meses após a D1, mas a redução desse período tem sido utilizada como forma de tornar a imunização mais efetiva. Agora, os contemplados estão sendo convocados em intervalos menores, obedecendo ao estipulado pelo Ministério.
Por exemplo, em junho deste ano, Fortaleza realizou o agendamento da D2 no período de quatro a doze semanas após a D1 ter sido aplicada — atendendo cerca de 15 mil pessoas. Na última quinta-feira, 22, a Capital cearense tornou a agendar contemplados antes do período máximo estipulado. A medida de “redução” do intervalo de tempo entre as doses foi válida para todas as vacinas utilizadas pelo Munícipio.
“O período permitido pelo laboratório, de intervalo entre a dose um e a dose dois (da AstraZeneca) é de 30 a 90 dias. Portanto, qualquer agendamento que esteja dentro desse intervalo não está nem atrasado nem antecipado, está na verdade sendo uma agendamento ideal. É importante que a partir do trigésimo dia as pessoas acompanhem as listas diária para saber se estão agendadas”, explica Aline Gouveia, secretária adjunta da Saúde.
No Eusébio, na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF), os contemplados estão sendo convocados para tomar a D2 da AstraZeneca cerca de dois meses e meio (75 dias) após a aplicação da D2. Segundo Josete Malheiros Tavares, secretário de Saúde do município, um dos critérios utilizados para aplicação da medida é a ampliação da margem de cobertura vacinal com o ciclo completo de imunização.
“Tem o benefício de completar o ciclo de vacinação e com isso reduzir os riscos de complicação e óbitos no caso de infecção. Ao tempo que não compromete a eficácia do efeito imunizante. Outro aspecto importante é que, ao, se dispor de doses para D2, quando se antecipam duas semanas para aplicação permite as equipes de imunização trabalhar de modo melhor planejado, sem sobressaltos”, afirma o gestor.
Em Caucaia, o período para a aplicação da segunda dose da AstraZeneca deve começar em breve. Segundo informações da assessoria da Secretaria da Saúde do município, a medida deve ser anunciada e colocada em prática na próxima semana. O intervalo entre as doses agora será de 60 dias.
A assessoria da Secretaria da Saúde de Maracanaú informou que a pasta deve discutir adoção de medida em reunião com a Comissão Intergestores Bipartite (CIB), que ocorre nesta sexta-feira, 23. Estarão presentes todas as secretarias municipais e a Secretária da Saúde do Estado (Sesa).
Procurada pela reportagem, a Sesa informou que “a aplicação da vacina é competência de cada município” e que recomenda aos municípios seguirem recomendações do Ministério da Saúde. Orientação é dada tanto para o uso da AstraZeneca como para a utilização dos demais imunizantes.
Eficácia da vacina
A redução do intervalo entre as doses tem sido uma tendência adotada por países como o Reino Unido, por exemplo, com a intenção de tornar a imunização mais efetiva contra as variantes. No Brasil, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), responsável pela produção da vacina AstraZeneca no País, recomendou que o intervalo entre a aplicação das duas doses do imunizante fosse de 12 semanas, mas a medida não é seguida.
Segundo informações da agência Deutsche Welle, esse intervalo é estabelecido porque a vacina oferece melhor proteção quanto maior for o intervalo entre as doses. Dados coletados antes da variante Delta mostraram que duas doses da AstraZeneca, aplicadas em um intervalo de menos de seis semanas, tem 55,1% de eficácia em caso sintomáticos da doença causada pelo coronavírus.
Quando esse período é estendido para 12 semanas ou mais, no entanto, a proteção sobe para 81,3%. Se a segunda dose for aplicada de seis a oito semanas após a primeira, a eficácia é de 60%, mas se o intervalo entre as doses for de nove a 11 semanas, o percentual sobe para 63,7%.
Por Gabriela Almeida
Fonte: O Povo